"Se para a maioria das pessoas a tecnologia torna a vida mais fácil, para as pessoas com deficiência a tecnologia torna as coisas possíveis.- Mary P. Radabaugh.
O que significa ter “vida independente” numa sociedade produtiva e caracterizada, entre outros atributos, como a “Sociedade da Informação”? Uma das respostas possíveis a esta pergunta tão abrangente é: levar uma vida com autonomia significa poder fazer escolhas em todas as esferas da vida, desde a roupa que se quer vestir, a comida que se deseja comer, até exercer o seu papel na sociedade. Segundo a concepção actual – denominada “modelo social da deficiência”- a incapacidade não está nas pessoas, mas, sim, decorre dos obstáculos existentes nos ambientes físico e humano que as rodeiam. A sociedade pode “deficientizar” mais ou menos uma pessoa, ao promover condições de acessibilidade – ou não.
A vida independente é viabilizada pela prestação de serviços e pela tecnologia assistiva, que pode significar a diferença entre dependência e independência, tão bem sintetizada por Mary P. Radabaugh, na citação inicial.
A tecnologia, no sentido mais amplo do termo, também alcança as pessoas com deficiência, tornando a sua vida possível, independente, digna e cidadã, objetivos pelos quais todos lutamos.
Informação
Para que a tão sonhada vida independente seja uma realidade, um pré-requisito básico é ter acesso à informação, que pode ser definida como o conhecimento que dá forma a uma acção. Portanto, deve ser actualizada, completa e provir de uma fonte confiável.
Mas, apenas dispor de informações não basta: é preciso que elas circulem, gerando atitudes, estimulando tomadas de decisões e agregando outras informações. É o caráter dinâmico que a caracteriza.
As informações circulam nos mais variados suportes, que cada vez mais se entrelaçam: jornais, rádios, televisão, Internet, redes sociais, telemóveis e outros, quase que “exigindo” de nós uma actualização constante, um constante aprender de novos termos, botões e teclas. “Interactividade” e “conectividade” são as palavras “do momento”.
É preciso, portanto, saber produzir, armazenar e onde procurar o conhecimento, que cresce e se modifica a cada instante. Somos “bombardeados” por dados, informações e notícias, incessantemente. Como separar e identificar o que é necessário para o nosso consumo? Como administrar de forma eficiente o conhecimento? Este bombardeamento de informação exige a aprendizagem de outro tipo de leitura, mais selectivo e exigente.
Aprender a administrar esta avalanche de conhecimentos não é uma tarefa fácil, como sabemos. Mas não é impossível.
Conhecimento: como administrá-lo?
Uma das chaves consiste em compartilhar, em criar mecanismos para a divulgação e para estimular a partilha. Aqui entra a Internet, que viabiliza canais de comunicação livres, fluidos e rápidos e sinaliza o fim de uma época, na qual o saber ocupava uma função privilegiada e restrita.
A segunda chave consiste em saber qual é o conhecimento a ser compartilhado. Acreditamos que deva ser priorizado aquele que atende às necessidades do usuário e que o auxilie a entender o mundo que o cerca, a sua realidade específica.
Aprender é algo que extrapola os limites espaciais da sala de aula e os limites temporais da formação educacional; torna-se uma actividade constante e, acima de tudo, prazerosa e instigante. Não mais o faremos à volta de uma fogueira, como antigamente, mas à frente de uma ecrã, sozinhos ou em reuniões virtuais ou presenciais, com o suporte da Internet, cada vez mais interactiva. Este processo pressupõe uma profunda mudança nos nossos valores e atitudes.
Internet e TIC
A partir dos meados da década de 90, a expansão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aconteceu, acompanhando a popularização da Internet, que extrapolou o ambiente acadêmico e se tornou num local de circulação ágil de informação e de encontros virtuais.
Porém, a Internet inaugura, também, o conceito de "infoexclusão" ou de exclusão digital, que designa os que, por não terem acesso ao mundo virtual, se tornam "infoexcluídos", com gráves repercussões nas suas oportunidades de educação, de profissionalização, de cultura e de lazer. A exclusão pode se dar por limitações socioeconômicas, culturais, de faixa etária ou pela condição da deficiência.
Há muitas iniciativas que visam reduzir ou eliminar essas limitações, como o desenvolvimento de aplicativos, de softwares e construção de sites seguindo os padrões de acessibilidade digital.
Universalizar o acesso pressupõe democratização: é necessário possibilitar que os usuários actuem como Provedores Activos dos conteúdos que circulam, com responsabilidade e senso de cidadania.
A produção da informação, o seu transporte e o acesso a ela, são aspectos que precisam ser considerados no desenvolvimento das TIC. A ausência de padrões de acessibilidade num destes aspectos torna qualquer usuário, com deficiência ou não, incapaz de produzir, divulgar ou absorver informação – condição fundamental para se viver dignamente e compreender a sociedade actual, na qual, a informação constitui um Direito Humano.
É fundamental que a pessoa com deficiência, para exercer plenamente a sua cidadania e estar inserida no mundo actual, aprenda a trabalhar com as ferramentas informáticas adequadas à sua condição e possa navegar pela Internet, num ambiente amigável, sem se deparar com obstáculos no mundo virtual. Além disso, ela precisa saber identificar e seleccionar as informações que lhe são necessárias em cada situação, assim como qualquer outro usuário. O cidadão é aquele que sabe optar. E pode fazê-lo porque tem acesso a conhecimentos.
Os direitos à Acessibilidade, à Informação, à Educação e a outros estão garantidos pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que insere a Deficiência no patamar dos Direitos Humanos. O Brasil ratificou esse documento com equivalência de emenda constitucional (Decreto legislativo 186/2008), o que significa um enorme avanço no sentido do pleno exercício da cidadania.
TIC: Todas as tecnologias utilizadas na captação, transformação e disseminação de dados, informações e conhecimentos, voltados para as tomadas de decisões pelos dirigentes de organizações públicas e/ou privadas. O termo é bastante amplo. Um livro pode ser uma tecnologia de armazenamento e transporte de informações. Obviamente, o nosso foco aqui são as tecnologias dependentes de redes de dispositivos micro processados."
Adaptação de texto para português de Portugal por: Carina Oliveira in: www.ajudas.com
Tecnologias e acessibildades para todos sem excepção. Boa pesquisa. Artigo pertinente!:0)
ResponderEliminarEC