"O grande aumento no consumo destas substâncias verificou-se em 2004, quando a venda destes medicamentos deixou de pertencer ao domínio das farmácias de certos hospitais e passou a fazer-se em qualquer farmácia.
"Gostava que abordassem o tema "geração ritalina" (ritalin generation). Começa a dar os seus primeiros passos nos EUA com os School Shootings".
Paulo Abrantes
"A prescrição de medicamentos para tratamento da Perturbação da Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) aumentou, em todo o mundo, 274%, entre 1993 e 2003. O número de países que começaram a recorrer a este tipo de drogas subiu de 31 para 55. Os dados foram publicados no jornal americano Health Affairs. Uma em cada 25 crianças e adolescentes norte-americanos estão a ser medicamentado para PHDA.
Calcula-se que em Portugal entre seis e oito mil crianças e adolescentes estejam a tomar este tipo de medicação (números de 2006, com base nas vendas). Em 2004, estimava-se que três mil crianças tomassem medicamentos para PHDA, enquanto que em 2003 eram apenas 400."
Revista Pais & Filhos. Edição de Maio de 2007. Pág. 102
Metilfenidato é o nome químico de ritalina e concerta, psicoestimulantes usados no tratamento da Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA). O grande aumento no consumo destas substâncias verificou-se em 2004, quando a venda destes medicamentos deixou de pertencer ao domínio das farmácias de certos hospitais e passou a fazer-se em qualquer farmácia. Antes de explorar melhor o significado deste crescimento estrondoso na prescrição de ritalina, parece-me fundamental explorar melhor o que é que diferencia o cérebro de uma criança hiperactiva do das outras ditas não hiperactivas. A PHDA, segundo estudos realizados, é uma perturbação do desenvolvimento infantil com base neurobiológica, na medida em que os lobos frontais, que são responsáveis por funções executivas, tais como a atenção, a capacidade de antecipar consequências e organizar tarefas, apresentam certas alterações. Estas alterações estão associadas ao facto de a dopamina, que é um neurotransmissor, apresentar níveis inferiores aos normais, o que dificulta a comunicação entre as células. Ao prescrever o metilfenidato, pretende-se aumentar os níveis de dopamina e, consequentemente, melhorar o grau de funcionalidade dos lobos frontais. Esta melhoria, segundo o folheto informativo do concerta, traduz-se pelo aumento da atenção e pela diminuição da impulsividade e da hiperactividade, em doentes com Perturbação de Hiperactividade e Deficiência de Atenção.
A grande questão que se coloca é se existem actualmente mais crianças com PHDA do que antigamente. Sendo esta uma perturbação com uma componente biológica, a sua incidência é, com certeza, a mesma que no passado (cerca de 3% a 5%); o que aumentou foi a capacidade de diagnóstico desta patologia. A quantidade de informação que tem sido divulgada sobre esta problemática é verdadeiramente astronómica, o que conduz a um maior conhecimento e uma maior atenção e sensibilidade por parte das pessoas em geral e dos técnicos em particular para a sua identificação. Note-se, no entanto, que o excesso de informação pode também ter um efeito perverso, pois pode gerar confusão e, consequentemente, falsos diagnósticos de PHDA, pois em cada esquina parece existir um "especialista" nesta área. Só é possível efectuar um diagnóstico preciso quando vários sintomas persistirem por mais de seis meses, em diferentes contextos: familiar, escolar e extra-escolar. Para evitar diagnósticos precipitados é, por vezes, necessário que a criança seja avaliada por uma equipa pluridisciplinar, constituída por pediatra, psiquiatra, psicólogo e técnico do ensino especial. A informação fornecida pelos pais e pelos professores, mediante o preenchimento de um questionário relacionado com o comportamento da criança, é também fundamental para a realização de um diagnóstico correcto.
Para além do que já foi exposto, existem muitas outras questões às quais é importante dar resposta, tais como: A existência de um fenómeno de "sobrediagnóstico" relativamente à PHDA é uma hipótese a desprezar? Haverá uma procura excessiva e um uso abusivo de metilfenidato? Haverão efeitos secundários a curto e a longo prazo em resultado da ingestão de ritalina? A acção do metilfenidato leva à cura da hiperactividade?"
De: Adriana Campos
... São efectivamente questões importantes a serem muito bem ponderadas, especialmente quanto aos efeitos da administração deste medicamento, a longo prazo. Conheço algumas crianças medicadas com o mesmo, que me parecem longe de apresentar o quadro - tal como descrito aqui - mas eu não sou médica, portanto não emito juizos de opinião. Mas gostaría - porque me parece ser de interesse publico - que fossem feitos estudos e publicados resultados relativos a esta temática.
ResponderEliminarAbraço
Cristina
Eu tomo ritalina LA 20 mg e concerta 18 mg há um anos e já me sinto muito melhor,,,deixou-me de doer o corpo todo estáva sempre cansado nao conseguia fazer nada mesmo que quisesse,,,além dos ruidos e certas luzes me fazerem impressão,,,com ritalina esses sintomas deixaram de ser tao evidentes mas o maior é que me deixou doer o corpo todo e canalizo melhor as energias para a mente,,assim fica muito mais fácil de pensar e raciocinar e viver o dia a dia.
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