Comunicação, Inclusão e qualidaded de vida: Desafios e Propostas.
(Com tradução simultânea em Língua Gestual Portuguesa)
Dia 24 de Junho de 2010 - Lisboa
Auditório Agostinho da Silva da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
DIRECÇÃO CIENTÍFICA: Augusto Deodato Guerreiro
ORGANIZAÇÃO: Mestrado de Comunicação Alternativa e Tecnologias de Apoio (MCATA) e Linha de Investigação em Linguagens Especiais e Novas Tecnologias/Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias (CICANT) da Escola de Comunicação, Artes e Tecnologias da Informação (ECATI) da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT)
INSCRIÇÕES:
Data Limite: 21 de Junho
Através do endereço de email:
mestrado.com.alternativa@ulusofona.pt
mestrado.com.alternativa@ulusofona.pt
PROGRAMA
09h00 - Recepção dos Participantes e Entrega de Documentação.
09h30 - Sessão de Abertura
Intervenções:
- Representante da Organização do Evento: Professor Doutor Augusto Deodato Guerreiro.
- Representante da ECATI/ULHT: Professor Doutor Manuel José Damásio.
- Reitor da ULHT: Professor Doutor Mário Moutinho.
- Representante da Administração/ULHT: Dra. Conceição Soeiro.
- Secretária de Estado e Adjunta da Reabilitação: Dra. Idália Moniz.
10h00 - Pausa para Café.
10h15 - 1º Painel
Teorias Comunicacionais Inclusivas: Intervenção Precoce, Inclusão e Qualidade de Vida
Coordenação: Professor Doutor Manuel José Damásio (ECATI/ULHT e Administrador-Adjunto/ULHT).
Comunicações:
- "Estratégias sociocomunicacionais para incluir e melhorar a qualidade de vida: inteligência emocional positiva / interventiva: humor e pedagogia" - Augusto Deodato Guerreiro (ECATI/ULHT).
- "Vinculação, experiência comunicacional precoce e desenvolvimento": Francisco Ramos Leitão (Faculdade de Educação Física e Desporto e MCATA/ULHT).
-"O braille e a motivação sociocognitiva da pessoa surdocega": António Rebelo (Colégio António Aurélio da Costa Ferreira/Casa Pia de Lisboa e Instituto Piaget/Almada).
- "Sistemas de comunicação a distância para pessoas com deficiência na fala": Paulo Alexandre Lucas Afonso Condado (Universidade do Algarve).
- "Física e química na LGP: formalização gestual de conceitos para uma comunicação mais exacta": César Baptista Marques (Escola Profissional/Almada e mestrando em CATA).
- "Competências de comunicação e intervenção na área da multideficiência": Isabel Amaral (ESE/Instituto Politécnico de Setúbal).
12h00 - Debate.
12h30 - Almoço.
14h00 - 2º Painel
Comunicação-Escola-Sociedade: Acessibilidade e Inclusão
Coordenação: Professor Doutor António Teodoro (Director do ICE/ULHT).
Comunicações:
- "O impacto comunicacional dos estudos da qualidade de vida infantil na construção da escola inclusiva": Jorge Serrano (Director da ESEAG/ULHT).
- "Programa MAKATON: um sistema multimodal" - Ana Tavares (Terapeuta da Fala/Ministério da Educação e mestranda em CATA); Suzana Meneses (Educação Especial/Ministério da Educação).
- "A escola centrada na competência comunicacional" - Fernanda Trigo (Educação Especial/Ministério da Educação e mestranda em CATA).
- "Ensino do português L2 a pessoas surdas: propostas para uma inclusão efectiva" - Isabel Correia (ESE de Coimbra).
- "As pessoas com deficiências ou incapacidades e o acesso à sociedade de informação na Região Autónoma da Madeira"
o Isabel Ribeiro (mestranda em CATA); Graça Faria; Carina Ferreira (mestranda em CATA) e Filomena Morgado (Educação Especial/Direcção-Regional da Região Autónoma da Madeira).
- "Contribuições das ciências cognitivas para a inclusão: aprendizagem e inclusão - interpretação neurocognitiva de exemplos quotidianos" - Manuel da Costa Leite (ECATI/ULHT).
15h45 - Debate.
16h00 - Pausa para Café.
16h15 - 3º Painel
Multidimensionalidade Comunicacional Inclusiva no Desenvolvimento Sensorial e Cognitivo: Inclusão e Qualidade de Vida
Coordenação: Professor Doutor José Gomes Pinto (ECATI/ULHT).
Comunicações:
- "Da especulação à prática: a música no processo humano de formação cognitiva e sensorial" - José Maria Pedrosa Cardoso (Universidade de Coimbra).
- "O teatro e a inclusão" - Marco Paiva (Director Artístico/Teatro Crinabel).
- "A arte e a inclusão" - Domingos Rosa (Presidente da Fundação AFID Diferença).
- "O desporto e a inclusão" - Jorge Vilela (FMH/UTL).
- "A pessoa com trissomia 21: sociocomunicabilidade e interacção" - Isabel Ferreira Camalhão (Educação Especial/Ministério da Educação).
- "O corpo e a comunicação multidimensional" - Anna Maria Feitosa (Sociedade Portuguesa de Motricidade Humana/Sociedade Internacional de Motricidade Humana).
17h30 - Debate.
18h00 - Encerramento
Resoluções/Recomendações, com as presenças e intervenções de:
- Representante da Organização do evento: Professor Doutor Augusto Deodato Guerreiro.
- Representante da ECATI/ULHT: Professor Doutor José Gomes Pinto.
- Director do ICE/ULHT: Professor Doutor António Teodoro.
- Directora do Instituto Nacional para a Reabilitação, IP.: Dra. Alexandra Pimenta (a confirmar).
APRESENTAÇÃO DO EVENTO:
A realização de mais este evento científico, um seminário nacional subordinado à "Comunicação, Inclusão e Qualidade de Vida: Desafios e Propostas" (com enfoque nas Teorias Comunicacionais Inclusivas: Intervenção Precoce, Inclusão e Qualidade de Vida, Comunicação- scola-Sociedade:
Acessibilidade e Inclusão e Multidimensionalidade Comunicacional Inclusiva no Desenvolvimento Sensorial e Cognitivo: Inclusão e Qualidade de Vida, em que intervêm especialistas de reconhecida competência e idoneidade na matéria em Portugal), no seguimento do Seminário Nacional "Capacidade para Comunicar e Interagir: Um Novo Paradigma para o Direito à Participação Social das Pessoas com Deficiência", que decorreu nesta Universidade no dia 11 de Julho de 2009, são iniciativas que nos incutem responsabilidades cada
vez mais aprofundadas no capítulo da ampliação do paradigma comunicacional.
A preocupação com as questões relativas essencialmente aos processos especiais de comunicação interpessoal, que nos permitem comunicar e interagir sem barreiras ou obstruções por vezes fantasmas, aparentemente dependentes de dificuldades ou desvantagens comunicacionais de cada pessoa, que nos podem isolar uns dos outros apenas por inabilidades ou incapacidades
dessa natureza, podem apresentar-se como falsas realidades, a que as circunstâncias do comodismo quase sempre nos habituaram só pela simples razão de nunca nada ou ninguém nos ter alertado e motivado para tentar
experienciar essas dificuldades e imaginar formas possíveis para diminuí-las ou mesmo solucionar os problemas que as originam.
Isto é um desafio sublime que se nos coloca há cerca de três dezenas de anos e que nos deve desafiar a todos a sermos "paraísos" interventores e decisores integrantes de um imensurável e belo horizonte paradisíaco, que será uma espécie de mundo novo de um tempo novo, onde todos, sem excepções, têm lugar.
Basta que todos nos motivemos e nos mobilizemos, a comunidade científica e um número cada vez mais crescente de "cobaias" disponíveis para essas experiências, com o objectivo de criar alternativas/soluções, pensando em todas as problemáticas comunicacionais que possam condicionar ou impedir a interacção, a sociabilidade, a intercompreensão e a inclusão entre as pessoas, como por exemplo da comunidade surda, cuja comunicabilidade em Língua Gestual Portuguesa (LGP), entre nós (comunidades surda e de ouvintes), continua a precisar de um árduo trabalho, profundo e infindável, no plano da tão vasta conceptualidade e da abstracção em que podemos mergulhar, permutar e intercompreender por intermédio da comunicação verbal, o que, infelizmente ainda, é impossível através da LGP.
Mas há pessoas surdas que escrevem e lêem sem dificuldades de índole semântica/morfológica e que também conseguem fazer uma leitura labial perfeita. Contudo, a língua-mãe, a língua natural da pessoa surda em Portugal, é a LGP, sendo nessa modalidade comunicacional que temos de investir, com estratégias e projectos de investigação e desenvolvimento, numa dimensão científica apaixonada e aprofundada, para uma
cada vez maior abrangência da língua gestual, incluindo a conceptualização e a abstracção inerentes a todas as áreas do conhecimento. E este é também um
imenso e apaixonante desafio da ULHT e da sua ECATI, no âmbito do MCATA e da linha de investigação em Linguagens Especiais e Novas Tecnologias/CICANT desta Escola, agora também em parceria com o Instituto de Ciências da Educação (ICE) da ULHT e a sua Unidade de Investigação e Desenvolvimento Observatório de Políticas de Educação e Contextos Educativos (UIçD-OPEcE).
Tratando-se de comunicação e de capacidade para comunicar e interagir, esse domínio implica que, seja em que língua ou em que modalidade comunicacional for, todos temos de entender e ser capazes de explicitar teorias e estruturas metodológicas e científicas em relação ao desenvolvimento do processo linguístico e comunicacional ao longo da história. E foi mediante a comunicação verbal (oral e escrita) que se criaram todos os demais modelos comunicativos e correspondentes teorias, sendo a oralidade o processo interlocutivo que utilizamos nas relações interpessoais humanas face a face e a distância, com a emissão vocálica de discursos e associando-lhe expressões paraverbais e não--verbais, e a escrita a representação gráfica/fonética dos signos linguísticos. Nesta acepção, têm vindo a conceber-se, a estudar-se e a desenvolver-se outras formas de comunicação, como a língua gestual, que se traduz na língua natural da comunidade surda, sendo um processo de comunicação e interacção humana que utiliza os gestos como comunicabilidade e manifestação, envolvendo vários intervenientes com expressões não-verbais, numa dimensão linguisticamente estruturada.
Sobre a complexidade do conceito de comunicação e a respectiva evolução teórica ao longo dos tempos, basta revisitarmos o amplo e sempre a crescer "estado de arte" a propósito das cerca de mil e quinhentas teorias
comunicacionais mais universalmente aceites, um número já considerável na diversidade das tradições, práticas e doutrinas em que têm vindo a elaborar-se definições e teorias. Verificamos que essa dimensão cognitiva tem abrangido domínios desde a "teologia" à "filosofia", da "antropologia" à "sociologia", da "linguística" à "psicologia", da "ciência política" ao "direito", até uma reflexão sobre as relações entre comunicação e sociedade, com preponderante relevância para a comunicação directa, técnica e social, comunicação linguística, aumentativa e alternativa, rodutos tecnológicos de apoio e meios humanos auxiliares e veículos de comunicação especial, em
cujos domínios ocorrem reflexões com uma heterogeneidade de importante interesse científico e tecnológico, pedagógico e cultural e de sensibilização pública para o estabelecimento da comunicação multidimensional, pluriétnica e intercultural, em que ninguém se ache vazio de conhecimento e de saber, de intervenção na vida em igualdade de circunstâncias e de oportunidades, desde que tenha, é claro, potencialidades, competências, capacidades para inteligir e interagir com
profundidade em tudo o que somos e em tudo o que nos rodeia.
São vertentes sociocomunicacionais que nos possibilitam conviver em partilha e materializar desenvolvimento e progresso, na medida em que:
1. Só comunicando, seja por que forma possível for, partilhamos saber e conhecimento e nos afirmamos com a justificação crítica dos nossos discursos e acções, estabelecendo intercompreensão em todas as áreas do saber, no geral e em particular.
2. Só comunicando, nos podemos sentir e assumir como responsáveis e lúcidos intervenientes na promoção equilibrada da vida humana.
3. Só comunicando, criamos e alimentamos alicerces para os estudos comunicacionais especiais, a didáctica comunicacional e o desenvolvimento sensorial e cognitivo dos cidadãos com as mais diversas tipologias da
deficiência ou incapacidades.
4. Só comunicando, impulsionamos interesse e empenho científico pelos estudos e estratégias que visam sensibilizar e capacitar as diferentes instituições, organizações e empresas para a adequada comunicação com todos os cidadãos, independentemente das suas dificuldades ou desvantagens sociocomunicacionais e de interacção.
5. Só comunicando, incentivamos os estudos de gestão funcional e operacional para a inclusão dos diferentes graus de dificuldade comunicacional, criando possibilidades de investigação e aplicações bidireccionais para melhorar o desempenho global nos planos educacional e profissional das escolas regulares/de referência e especiais e das várias instituições, organizações e empresas, públicas e privadas, orientadas para o mercado, para o serviço público ou para as questões da solidariedade social.
6. Só comunicando, somos audazes em ideias e no desenvolvimento da dinâmica investigacional decorrente dos contactos e parcerias com os organismos e instituições nacionais e as associações científicas reconhecidas mundialmente no âmbito das nossas preocupações com a implementação dos recursos investigacionais e aplicação dos modelos especiais de comunicação no contexto da educação especial, propósito de singular inovação e criatividade em Portugal, sobretudo no que respeita ao estudo e
enquadramento das especificidades comunicacionais na política nacional de educação, habilitação/reabilitação, emprego, inclusão e qualidade de vida das pessoas com deficiência.
7. Só comunicando, nos consciencializamos e pugnamos por resultados inovadores e criativos para o bem-estar social de todos os cidadãos e nos impomos como "paraísos" dialogantes que somos na beleza interior de cada um, numa reciprocidade de valores e de dignidade humana que engrandece as pessoas e o mundo.
8. Só comunicando, ficamos cientes desse caminho, fecundo de indeléveis "paraísos", e de percorrê-lo, revolucionando e transformando pessoas e instituições, para alcançar um "paraíso" de "paraísos", "paraísos" que
naturalmente somos e que mutuamente nos procuramos e nos podemos atrair sem a preponderância da química dos oportunismos ou da sobrevivência egoística que habitualmente se sobrepõe a tudo e a todos.
9. Só comunicando, nos conseguimos cultivar nessa modalidade paradisíaca de proficuidade que cada um de nós é, com invioláveis segredos e desafios de força e determinação para mudar e descobrir mais; com férteis paisagens de imaginação e realização de propostas para idear e liderar, mobilizar e sensibilizar mais; com vales e montes de mensagens, planícies e itinerários de reflexão e ponderação para incluir mais em equidade e qualidade de vida; com silêncios e gritos para estimular e investigar, estudar e fomentar mais; educar/educando-nos e formar/formando-nos mais; inventar e fazer mais para garantir mais a todos os direitos humanos e de cidadania, num permanente ensinar/aprender a ser mais e a conviver mais nas diferenciações culturais, nas diferenças das diferenças, numa perspectiva multiculturalista e interculturalista mais inclusiva; conhecendo e pensando mais o todo global para um agir mais pedagógico-produtivo num qualquer lugar.
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