segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Direito à Expressão Livre


"A expressão é inconsciente, expressa-se como necessidade.

Tem significado só para o próprio, traduz a realização de expressões de sentimentos, livremente de forma pessoal e sem outro interesse que não seja só a satisfação da necessidade de expressar-se.

É por si só, toda a manifestação de vida, uma das mais naturais, mais vulgares e espontâneas no ser humano, a criança corre, pula, salta livremente e ao fazê-lo exprime o que tem dentro de si.

A criança desde que nasce expressa-se através do seu corpo, com sons e movimentos do corpo para comunicar algo, fome, dôr ou para expressar os seus sentimentos: ansiedade, raiva, contentamento...

Proporcionando-lhe ambientes calmos sem stresse para que a monotonia e a vida apressada não lhe corte a criatividade (tudo o que se invente, que é algo novo para o próprio, mesmo que já otenham feito anteriormente). Freud refere: "Muitas poucas pessoas civilizadas são capazes de assumir uma existência perfeitamente autónoma nem sequer muito simplesmente emitir um juízo pessoal"

Falar de expressão não é referir-mo-nos a uma disciplina (uma área curricular) à qual a criança deve estar submetida, deve ser sim, um espaço inerente à ordem natural, que seguindo-a, a criança encontra a liberdade perfeita. É também um processo social de forma que constitui um meio de comunicar com os outros.

Ao possibilitar espaço para a expressão é permitir à criança qualquer coisa de seu, expressando individualmente os seus sentimentos. Surgirá assim o que a criança não consegue transmitir através da linguagem verbal.

É educando deste modo que as crianças serão mais abertas, mais alegres, mais comunicativas, mais sensíveis, mais confiantes em si próprias e principalmente crianças felizes com uma inteligência saudável e com reflexão crítica.

Desde muito cedo que é importante estimular as capacidades da criança, por isso a mãe institivamente, quando surgem os primeiros sons, imita a criança, por sua vez esta vai emitir novo som e assim se inicia a comunicação.

Evidentemente que essa estimulação não é importante só nesta área mas em tudo na vida. Assim a criança será tanto criativa, quanto mais lhe proporcionarem momentos e experiências para que essa criatividade aconteça.

Um dos principais interesses da criança tende normalmente para os materiais plásticos.

O desenho surge duma experiência feita pela criança, em deslizar o lápis sobre uma superfície, num movimento em que a criança se expande. Inicialmente é a atracção do lápis, mais tarde o traço é motivo que atrai a criança, passando depois a exprimir o que pretende.

Quando a criança desenha (normalmente em todas as actividades) expressa os seus sentimentos e os objectos desenhados têm valor afectivo.

O adulto/educador deve proporcionar à criança espaço para ela desenhar quando quer, quando necessita. Deve colocar ao dispôr da criança papel de vários tamanhos e texturas, fornecer material gráfico diverso, para que ela tenha oportunidade de escolha e para que o possa fazer de acordo com as suas necessidades. 
O desenho contribui para o desenvolvimento global da criança, para a construção da sua personalidade e do seu carácter.

Os princípios orientadores, relativos à expressão e educação plástica, que vêm referidos no livro da Reforma Educativa (1990), abordam a importância desta expressão no programa do 1º ciclo do Ensino Básico. Podemos deste modo referir que a manipulação e experiências com materiais, com as formas e com as cores permitem que, a partir de descobertas sensoriais, as crianças desenvolvam formas pessoais de expressar o seu mundo interior e de representar a realidade.

Quanto à Lei de Bases do Sistema Educativo (Pires, 1987), esta atribui uma atenção especial à educação artística. O Ensino Básico, referido no artigo 7º, tem por objectivo a valorização das actividades manuais e a promoção da educação artística, de modo a detectar e estimular aptidões. O pré-escolar, referido no artigo 5º, tem por objectivo, desenvolver as capacidades de expressão e comunicação da criança, a imaginação criativa, e estimular a actividade lúdica.

Assim, o Decreto de Lei nº 344/90 de 2 de Novembro, garante a todas as crianças e jovens integrados no Sistema do Ensino Português, o direito à Educação Artística genérica, independentemente das suas aptidões ou talentos.

Embora seja compreendida a importância da área das expressões, de tal forma a fazer parte do programa do 1º ciclo do Ensino Básico e a constar nas orientações curriculares para a educação pré-escolar, na prática o seu valor tem sido subestimado e pouco reconhecido como fundamental para o desenvolvimento harmonioso das crianças. Basta reparar como são definidos e apresentados alguns objectivos e propostas de actividades, e como na prática, esta expressão tem vindo a ser relegada para um espaço menos privilegiado, na programação diária de professores e educadores.

No 1º ciclo o ilustrar da cópia, do ditado ou do trabalho de estudo do meio físico e social, são em alguns casos as actividades de expressão gráfica que se propõem.

Para alguns pais, normalmente a "linguagem" do desenho é um pouco menosprezada, principalmente na idade escolar em que aqueles valorizam mais o aproveitamento escolar.

No pré-escolar, o desenho livre é por vezes, substituído pela ilustração de fichas de grafismos e de outras actividades, consideradas mais importantes por alguns profissionais, em detrimento de outras que seriam fundamentais desenvolver. O que me leva a questionar se estas actividades, presentemente, estão a ser canalizadas para outras que tendem a não estimular, e a menosprezar a capacidade criativa e imaginativa das crianças.

Torna-se importante questionar sobre o modo de promover a expressão livre e criativa da criança, e como é que as potencialidades das expressões podem reverter para o desenvolvimento global daquela.

A instituição escolar tem um papel fundamental e a contribuição da expressão livre é basilar. O educador/professor necessita "apenas" de saber estimular e promover, actividades de expressão gráfica livre diversificadas, dando-lhes a importância que merecem. Um conhecimento mínimo teórico-prático sobre o assunto é essencial.

O educador deve saber ter recursos para estimular permanentemente. Deve fomentar a espontaneidade, a riqueza de ideias e a imaginação da criança. Educadas deste modo, as crianças, serão decerto mais abertas, alegres, comunicativas, sensíveis e sobretudo felizes, com inteligência saudável e reflexão critica."

De: EC

Retirado na íntegra de: http://lapiselviracs.blogspot.com/

Bibliografia:

Direcção Geral do Ensino Básico (1990) . Reforma educativa. Algueirão: Editorial Ministério de Educação.

Ministério da Educação (1997) .Orientações curriculares para a educação pré-escolar. Lisboa : Ministério da Educação.

Pires, E. L. (1987) . Lei de Bases do Sistema Educativo. Porto : Edições Asa.

Silva, E.C. (2001). Tudo o que um lápis pode conter - Representações gráficas de crianças com e sem Necessidades Educativas especiais - Avaliação em diferentes contextos. Monografia não publicada, com vista à obtenção de Pós-Graduação e Formação Especializada em Ensino Especial Pré-Escolar e 1ºCiclo, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa.

Silva, E.C. (1998) . Desenvolvimento da criança e auto-conceito - Estudo da imagem corporal, grau de criatividade e organização perceptivo-motora em crianças em idade escolar com e sem actividades de tempos livres. Monografia não publicada, com vista à obtenção de diploma de estudos superiores especializados, Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich, Lisboa.

Stern, A. ( s. d. ) . Uma nova compreensão da arte infantil. Lisboa : Livros Horizonte. (Trabalho original em francês sem data)

5 comentários:

  1. Engraçado, nunca tinha pensado nas potêncialidades que tem e que pode proporcionar, o desenho livre, às crianças! Sempre pensei, que seria utilizado pouco mais do que para praticar a motricidade fina e a imaginação.
    Já aprendi mais alguma coisa, hoje. Bem-haja!
    Um abraço
    Isabel Barbosa

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  2. Olá Isabel
    gostei do post neste blog.
    Pode sempre visitar
    de: http://lapiselviracs.blogspot.com

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  3. Olá Nelson
    Sem comentários!! Mais alento não pode haver!!
    Para ti só visitar:
    http://pontosdevista-ec.blogspot.com/Bjs :0)

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  4. Olá Isabel!
    E mais uma vez obrigado pela sua presença no blog.
    Este artigo é brilhante e reflecte algo que por vezes nos passa ao lado e que é de extrema importância.
    A amiga que escreveu este artigo é uma das Gigantes da Educação Especial...Tem sido uma professora excelente...e que nos vai chamando atenção para aspectos tão importantes como este...
    Mais uma vez obrigado Isabel.

    E claro, muito obrigado Chefinha, pelo artigo e pelo alento:)...

    Cumprimentos

    Nelson

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  5. Apoio incondicional, sp porq tu mereces!!Alento é recíproco!!!:0)

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