terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A polémica ritalina

Em continuação de "Geração Ritalina", deixo-vos com um artigo da mesma autora: "A polémica da ritalina" onde se pretende responder a algumas questões lançadas anteriormente.

"No artigo anterior (Geração ritalina), em resposta à questão de um leitor, debrucei-me sobre a Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) e ao uso de determinadas substâncias químicas no seu controlo.

Tal como ficou combinado anteriormente, retomarei este tema, procurando reflectir um pouco acerca das polémicas questões que se seguem, recorrendo à opinião de especialistas na área.

A existência de um fenómeno de "sobrediagnóstico" relativamente à Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) é uma hipótese a desprezar? Haverá uma procura excessiva e um uso abusivo de metilfenidato? Existirão efeitos secundários a curto e a longo prazo em resultado da ingestão de ritalina? A acção do metilfenidato leva à cura da hiperactividade?

No que se refere à primeira questão, sou de opinião, atendendo à minha prática profissional, de que nem sempre são feitos diagnósticos rigorosos da Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA). Como foi referido no artigo anterior, a realização de um diagnóstico adequado exige o levantamento de informação em diferentes contextos, mediante a recolha de dados junto dos pais e dos professores. Tenho conhecimento de algumas situações em que a ritalina é prescrita com base apenas na informação transmitida pelos pais. Na opinião de José Carlos Ferreira, neuropediatra no Hospital Egas Moniz e no Hospital Cuf Descobertas, "há bolsas de sobrediagnóstico, em determinadas áreas geográficas e estratos sociais, com maior acesso às consultas. No entanto, como se estima que a prevalência desta perturbação seja de 3% a 5% da população total, há crianças com défice de atenção e hiperactividade que ainda não estão diagnosticadas"(*).

Quanto ao uso abusivo do metilfenidato, não há consenso entre os especialistas: há quem considere que a ritalina ou a concerta são prescritos indiscriminadamente e quem defenda que ainda mais crianças deveriam beneficiar do tratamento. Nos EUA, onde o reinado do metilfenidato já dura há mais de 50 anos, a polémica já chegou à sociedade civil. Neste país são várias as associações e os movimentos que nasceram para combater ou defender o uso de medicamentos nas crianças com défice de atenção. No nosso país, há também quem questione a forma como a ritalina e a concerta são administradas. Para alguns especialistas, o metilfenidato não deve ser seleccionado para uma intervenção de primeira linha, uma vez que as terapias comportamentais podem ajudar a criança a controlar da sua hiperactividade. Outros consideram que o uso de medicamentos deve ser a primeira opção no tratamento de casos de PHDA, uma vez que a medicação tem efeitos muito positivos em termos académicos, ao nível do relacionamento interpessoal e na auto-estima.

Quanto à existência ou não de efeitos secundários, a curto e a longo prazo, devido ao consumo diário deste químico, também não há consenso. Alguns especialistas consideram que os medicamentos usados no tratamento da PHDA são muito bem tolerados podendo usar-se durante anos, uma vez que os seus efeitos secundários são desprezíveis. Outros apresentam algumas reservas quanto aos efeitos a longo prazo, dado que as crianças que consomem metilfenidato têm, geralmente, peso e estatura mais baixos.

Por fim, a última questão. Será que a acção do metilfenidato leva à cura da hiperactividade? Relativamente a esta parece existir consenso, uma vez que os vários especialistas consideram que, efectivamente, o metilfenidato não tem um efeito curativo, uma vez que a sua acção sobre o cérebro só dura enquanto o comprimido faz efeito, ou seja, o tratamento é apenas sintomático. Face a isto, alguns médicos manifestam-se insatisfeitos porque o medicamento apenas tira os sintomas e não resolve a situação, ao passo que outros pensam que o facto de ele atenuar os sintomas e aumentar a qualidade de vida da criança é, por si só, muito importante.

Polémicas à parte, para mim, que diariamente falo com pais que vivem no dia-a-dia o problema da PHDA, sei que, apesar do dilema que a medicação constitui na sua vida, a opção por ela é sentida como um mal menor. Para estes pais, sem esta medicação os filhos teriam uma vida escolar e relacional completamente destroçada. A prova disso é o fim-de-semana, quando a medicação é retirada e tudo à sua volta se transforma num verdadeiro caos!"

(*) Opinião extraída da revista Pais & Filhos. Novembro de 2004, pág. 94.

Bibliografia

Barkeley, R. A. (2006). Attention Deficit Hyperactivity Disorder. A Handbook for diagnosis and treatment (3rd ed.). New York: Guilford Press.

De: Adriana Campos

7 comentários:

  1. nao gosto de estudar, tiro sempre todsa minha taneção em cada coisa que vejo.. ritalina me ajuda?

    ResponderEliminar
  2. Gostaria de saber!
    Meu marido faz uso da medicação e penso em engravidar, a medicação pode causar alguma má formação no bebe?
    desde já agradeço.

    ResponderEliminar
  3. Bom dia!

    Penso que não, a Ritalina é um estimulante do Sistema Nervoso Central...Não conheço nenhum efeito secundário a esse nível...De qualquer maneira o melhor seria questionar o seu médico de família, eles sabem melhor os efeitos secundários.

    ResponderEliminar
  4. sou hiperativo tomo ritalina 20 mili.todos os dias foi o bem que me acontceo para melhor qualidade de vida tomo a 3 anos tenho 56 sen este medicamento gracas a deus nao sei ja o que seria de min a hiratividade nao tem cura a.queros

    ResponderEliminar
  5. se a ritalina aumenta a atividade e melhora a atenção, uma criança com phda não poderá focalizar a sua conduta em comportamentos desviantes e nos piores comportamentos?

    paulo ferreira

    ResponderEliminar
  6. Caro Paulo, na minha opinião a intervenção farmacêutica deve andar sempre acompanhada de outras intervenções, nomeadamente a intervenção comportamental.

    São vários os programas de modificação comportamental que podem ser desenvolvidos em colaboração com escola e família.

    Abraço

    ResponderEliminar
  7. Eu tomo disso há mais de um ano,,,e passado um ano já noto diferenças substanciais,,,já me consigo concentrar melhor,,,tenho mais controlo sobre mim e menos irritabilidade com sons e luzes e deixa-me de doer o corpo todo. Já me deviam ter dado isto há muitos anos atrás,,, eu perdi muitos anos da minha vida porque os médicos não me diagnosticaram o meu problema a tempo.

    ResponderEliminar