domingo, 31 de janeiro de 2010

São precisos novos planos para alunos em dificuldades

Apesar de ser uma notícia que não esteja directamente ligada à Educação Especial, julgo ser necessária uma atenta e cuidada reflexão.

Nesta altura do ano lectivo, as escolas preparam-se para estender os chamados "planos de recuperação" a todos os estudantes que até à interrupção das aulas para o Carnaval apresentem indícios de que terão dificuldade em transitar de ano. Em 2007/08 foram quase 188 mil - cerca de um quarto da população escolar do ensino básico - a beneficiar deste instrumento de luta contra o insucesso. Mas isso não significa que ele seja bem-amado por professores, pais e directores de escolas, que reclamam que a nova ministra da Educação, Isabel Alçada, faça uma avaliação rigorosa da sua eficácia.

Os planos de recuperação nasceram através de um despacho de Dezembro de 2005 que instituiu, também, os planos de acompanhamento e os de desenvolvimento. Se estes últimos se destinam a estudantes com capacidades excepcionais, os de acompanhamento dirigem-se a crianças que ficaram já ficaram retidas e visam evitar reprovações repetidas, sendo aplicados desde o início do ano lectivo. Aos planos de recuperação são submetidos os alunos que apresentam indícios de que poderão vir a reprovar e que são identificados no final do primeiro período (se tiverem classificação negativa a três ou mais disciplinas) ou, então, nesta altura do ano, após os primeiros testes do período, antes das miniférias de Carnaval.

O objectivo dos planos é dar àquelas crianças tratamento especial e individualizado. Os de recuperação, nomeadamente, incluem medidas a desenvolver pela escola (como "acções de pedagogia diferenciada em sala de aula", actividades de compensação ou aulas extra) e implicam o envolvimento do próprio aluno (que se compromete a fazer os trabalhos de casa ou a estar atento nas aulas, por exemplo) e dos seus pais (a quem é pedido que se assegurem de aspectos como a assiduidade e a pontualidade dos filhos ou que vão observando os cadernos diários).

A questão é que os dados mais recentes que o Ministério da Educação (ME) disponibiliza, referentes ao ano lectivo 2007/2008, "não são animadores", como frisou, em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Albino Almeida.

O que falhou?

Num universo de 764 mil alunos contabilizados (os do Centro do país não foram tidos em conta) foram aplicados, naquele ano, 187.638 planos de recuperação e 40.201 planos de acompanhamento, números que surpreenderam o próprio secretário de Estado que assinou o despacho, Valter Lemos. "Seria de esperar que não houvesse tantos alunos com tantas dificuldades", comentou, na altura.

No final do ano, os resultados escolares provocaram manifestações de regozijo comedidas entre os governantes. Apesar de uma ligeira melhoria em relação ao ano anterior, a taxa de reprovações manteve-se alta entre os alunos submetidos aos dois tipos de plano: cerca de um quarto dos elementos de cada grupo não transitou.

"É de saudar qualquer evolução positiva, nomeadamente o aumento das transições em nove por cento e a diminuição das retenções em oito por cento entre os alunos com planos de recuperação. Mas, globalmente, o número de retenções continua a ser uma tragédia", avalia Albino Almeida.

O presidente da Confap considera que "a falha" resulta do facto de os planos assentarem "num tripé - escola, aluno e família - com dois pés de duvidosa sustentabilidade". "A legislação manda que se envolva a família mas, na maior parte dos casos, os pais destas crianças estudaram menos do que os filhos ou já não se lembram do que aprenderam ou têm dois empregos para os sustentarem, não dispondo de conhecimentos e de tempo para os apoiarem", especifica.

"Processo burocrático"

Em relação aos alunos, "crianças completamente desmotivadas", Albino Almeida acredita que a solução é "antecipar a orientação vocacional e aumentar e diversificar as alternativas de formação profissional". Não culpa os professores: "Para além de ser difícil envolver o aluno e a família, o processo é complexo e burocrático", considera.

Aquela é uma ideia que Ana Paula Cardoso, docente de Português e membro do Conselho Nacional da Associação Nacional de Professores, reforça: "Passa pela cabeça de alguém que olhemos para um aluno com dificuldades e não façamos os possíveis e os impossíveis para o ajudar? Antes de a lei a isso obrigar já nós fazíamos o previsto nos actuais planos de recuperação; só não perdíamos tanto tempo a preencher papeladas."

Ana Paula Cardoso e Pedro Araújo, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, alertam que a "atenção individualizada a um aluno não se decreta". "É necessário criar condições que não existem: as turmas têm um número demasiado elevado de alunos, dos quais vários com planos de apoio e de recuperação; os programas das diversas disciplinas são extensos; não há professores disponíveis para darem o número de aulas de apoio que seria desejável...", enumera Pedro Araújo.

Ambos reclamam, como o presidente da Confap, a reavaliação das medidas. "Irão verificar que a maioria recupera à semelhança do que acontecia antes, sem despachos e burocracias", assegura Ana Paula Cardoso. Alerta que, "muitas vezes, um professor ter tempo para se sentar com um aluno e conversar durante uma hora é mais proveitoso do que dar-lhe cem horas de aulas de apoio". "Confiem em nós, deixem-nos trabalhar", pede.

Crianças com dislexia sem ajuda no ensino público

"José Pedro Varela, de 13 anos, aprendeu desde pequeno a viver com dislexia. "Foi-se adaptando e construiu a sua vida em torno da dislexia. Faz tratamento desde a terceira classe, que passa pelo apoio à leitura e à escrita", contou ao DN a mãe, Conceição Moreira. Mas a família não conseguiu encontrar ajuda no ensino público: "Não sabiam lidar com uma criança assim. A Escola Egas Moniz em Guimarães queria excluí-lo do ensino por deficiência. Ele não teria aulas de Português."

A doença do José, segundo os especialistas, atinge 12% das crianças e as escolas não estão a acompanhar devidamente estes miúdos. O alerta é da presidente da Associação Portuguesa de Dislexia, Helena Serra, que adianta que há cada vez mais menores com este problema. "O número de rapazes é superior ao feminino, numa relação de três para um, e tem-se verificado um aumento de crianças disléxicas no ensino obrigatório", disse ao DN Helena Serra. Mas "só os casos mais graves de dislexia têm acompanhamento especial", garante, por seu lado, Teresa Alves, professora especializada em educação especial do Agrupamento de Escolas Eugénio de Andrade. Segundo esta docente, na maioria das vezes, só cegos e deficientes são considerados alunos com necessidades, beneficiando de um programa personalizado dado pela professora da disciplina e de uma série de condições especiais de avaliação.

Já o neuropediatra Nuno Lobo Antunes, que acompanha miúdos com dislexia, diz que é muito importante os alunos terem apoio de pais e professores Só assim estas crianças "conseguem ter uma vida boa, quase normal"."

por Joel Balsinha

Testemunho de Mãe - O Papel dos Audiovisuais, da Música no Desenvolvimento das Crianças

"Sou mãe de duas princesas, a Sofia de 9 e a Sara de 3. A Sara nasceu 12 minutos antes da Sofia completar 6 anos e a todos ela diz que a irmã foi a prenda dos 6 anos e a melhor prenda que teve na Vida. Para além desta surpresa, a Sara trazia consigo o cromossoma da diferença, sem que fosse detectado durante a gravidez – a Trissomia 21- , que a todos surpreendeu, a nós directamente sempre pela positiva!

Assim que saí da maternidade esperava-me em casa uma pesquisa efectuada na internet sobre o pior dos cenários de Trissomia 21, nomeadamente no que se refere à saúde e ao desenvolvimento.

Li tudo de “fio a pavio”, e depois de tudo ler, jurei a mim mesma que iria lutar por um milagre de Amor para a Sara, e reverter todo aquele cenário negro com que me deparei ao ler a informação. Era minha filha e precisava de mais apoio ainda do que a irmã, mas sem deixar a irmã de fora ou para trás, “arregacei” as mangas e “fui à luta”, tendo como fortíssimos apoiantes, que de braço dado estavam sempre ali, a irmã e o pai.

E tal como os 4 Mosqueteiros, temos sido “um por todos e todos por um”!

Desde sempre que soube o papel preponderante que a música tem na vida, nomeadamente no desenvolvimento, educação e formação das crianças.

Ainda no útero, eu cantava para as minhas filhas, ouvia muito música, de preferência clássica, ou de sons da natureza, como forma de relaxamento e assim nas minhas rotinas diárias a música era, e é, uma forte componente.

Por interesse, por hábito, por valor já enraizado, por herança genética, a Sofia nas suas brincadeiras, interesses, no cuidado e carinho com que sempre se relacionou com a Sara, tinha sempre uma fortíssima envolvente musical. Nas músicas que lhe trauteava, nos brinquedos com música, até no software a música era um grande estímulo a que a Sara reagia muito bem logo pelos 2 / 3 meses de nascida.

Como uma criança que necessitava de um profundo trabalho de estimulação precoce, todos os estímulos do dia-a-dia a Sara era sujeita, até ao palrear dos periquitos e dos agapornis que na altura tínhamos em casa.

Sempre que a Sofia nas suas brincadeiras, nos seus momentos de lazer, via as suas cassetes de vhs, ou os dvd’s e cd’s, sempre infantis e de musica infantil, fazia-o em partilha total e incondicional com a pequenina Sara.

Chegava a tirá-la do berço e com ela andar ao colo a dançar e a cantar, numa emocionante entrega mútua, e a Sarocas adorava, porque não se ouvia o mínimo sinal de contestação.

Ambas foram crescendo, e com tanto estímulo auditivo e visual que recebia, a Sara cedo despertou para um mundo de sons, imagens, rotinas, emoções e conceitos.

Cedo começou a partilhar e a fazer parte integrante dos momentos lúdicos da irmã e cedo ensinámos à Sofia a necessidade de trabalharmos, estimulando, a Sara em casa para que ela conseguisse atingir um bom patamar de aquisições que lhe permitisse ter um desenvolvimento o mais normal possível dentro do seu quadro de Trissomia 21.

Assim que saímos da maternidade e chegámos a casa, (sim porque ambas nasceram na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, onde o encaminhamento de situações e o apoio aos pais é de facto de louvar), a Peniche ao fim de uns dias, a Sofia perguntou-me o que era a Trissomia 21? Respondi-lhe que eram crianças como ela, apenas que aprendiam tudo muito mais devagar do que ela. E que provavelmente a irmã iria ter mais dificuldades e iria aprender mais devagar. A Sofia respondeu que iria ensinar à Sara tudo o que ela precisava de saber. E ali se encerrou o assunto!

A Sofia chamou a si a missão de estimular a Sara numa entrega absolutamente incondicional, e aproveita todos os pequenos momentos para trabalhar a irmã, e acreditem que os resultados superam todas as expectativas, espantando e surpreendendo as técnicas que com a Sara trabalham numa base semanal, que vão seguindo e aplaudindo inclusivamente as dicas e as sugestões da Sofia.

E assim começámos a Era do Audiovisual aqui em casa, tanto com os vhs, dvds e cds da Sofia como depois com os da Sara, incluindo software mais específico. Aos 2 / 3 meses sentávamo-la na cadeira de ângulo recto e na mesa, para a ensinarmos a sentar, cujo modelo nos foi dado pela Psicóloga que muito nos acompanhou , e colocávamos o Software no computador, só para a despertar para a musica e para a imagem. Tudo o que era vhs, dvd, cd de músicas infantis, a Sofia cantava as músicas, dançava para a Sara e muitas vezes pegava nela e inseri-a naquele momento, que deixando de ser um simples momento lúdico, passava a ser um imenso trabalho, que orientado e apoiado pelas técnicas, era a sua grande mais-valia.

Desde sempre que a Sofia participou em tudo o que dizia respeito à irmã, desde os tempos da gravidez. Inclusivamente a própria educadora da Sofia, que na altura frequentava o pré-escolar oficial, dizia que em muitos anos de profissão nunca tinha testemunhado uma criança que participasse da gravidez da mãe e vivesse a ideia de ter uma irmã de uma forma tão emocionante e intensa. Nunca haviam visto tamanha entrega e uma ligação tão forte a um bebe que ainda nem se conhecia.

Depressa nos apercebemos que ambas eram a grande mais-valia uma da outra, e se a família já se tinha enriquecido com a chegada da Sofia, com a chegada da Sara a família ficou deveras iluminada.

Sempre em parceria e com a cumplicidade da irmã, a Sara cedo começou na Era dos Audiovisuais e indo atrás dos interesses da Sofia acabou e acaba por dar grandes saltos no desenvolvimento.

Por tantas vezes ver os dvd’s, vhs e ouvir os cd’s a Sara começou por imitar movimentos, entendendo que o movimento traduzia algo, o desenvolvimento psicomotor “sofreu” uma grande evolução. Assimilou conceitos, repetindo sons, começou a dizer vocábulos, aprendeu as vogais, dobrou sons, começou a associar os conceitos às imagens e às palavras, a entender expressões, a desenvolver a expressão corporal e a criar lhe desenvoltura, autonomia e traquinice, que está apuradíssima.

Ao nível de aquisições, como categorizar os animais, os objectos, aprendeu novos animais como o pinguim, o dinossauro, a baleia, a girafa, o hipopótamo, e já vai fazendo algumas associações como uma perna às costas.

Este trabalho é feito através de momentos lúdicos, da brincadeira, do aprender. Se andamos a tratar do jantar à noite, coloca-se um destes dvd’s e tratando-se do que é preciso vamos vendo a Sara a interagir, nós a participarmos também, às vezes a cortar cebola, ou a por a mesa, damos por nós a dançar e a cantar com ela, e quando nos apercebemos estamos todos a interagir e a puxar por ela e claro ela colabora com toda a naturalidade. Se está a dançar, fazemos gestos como mexer os ombros, os braços, as mãos, as pernas, rodopiar e ela colabora. Um dos CD do Panda tem uma música em que diz roda a mão, o pé, etc.. Quando fazemos para ela ver e nos imitar apercebemo-nos que ela já faz sozinha e assimilou o conceito.

Resolvi fazer este registo escrito, não para mostrar elogiar as minhas filhas em detrimento de outras crianças. Este registo tem o objectivo primordial de passar uma mensagem a pais, familiares, amigos, técnicos ou a quem esta temática interesse, que tudo é trabalho, que tudo é uma aprendizagem contínua que quando tem uma forte componente musical lúdica, as aquisições acontecem tão natural e espontaneamente que somos completamente surpreendidos.

Escrevi sob a forma de testemunho na primeira pessoa, porque a melhor forma de demonstrarmos algo, de comprovarmos uma teoria é experimentando ou vivendo o que se pretende demonstrar. Diariamente eu tenho a consolidação do que aqui expus. Claro que para além de tudo isto, temos as terapias, os apoios, o trabalho efectivo, a escola ou creche, mas isto só para alertar que esta é uma das melhores, senão a melhor forma de aquisições, de alcançar objectivos e metas.

Aliás ao longo do tempo fui transmitindo estes registos às técnicas que acompanham a Sara desde os 2 meses de idade. Também desde essa altura já muitas utilizam estes materiais para apoiarem crianças com Autismo, deficiências mentais mais acentuadas, Trissomia 21 e casos onde a comunicação com o mundo exterior é pouca ou nula. Os resultados revelam-se quase sempre de forma muito positiva.

Todos os dias ao final da tarde ao chegarem a casa, a Sara vai direitinha à sala escolher o dvd, pega nos comandos e pede para pormos a tocar, se demorarmos muito já está ela a tentar adiantar serviço e por vezes a televisão perde a sintonização dos canais, encrava a tampa do dvd,... enfim…

Depois enquanto a rotina dos banhos, dos preparativos do jantar se faz, toca um cd ou dvd, e lá anda a família toda envolvida a cantar e a dançar. Depois acontece algo muito engraçado, que é andarmos a ouvir no carro alguns destes cd’s e depois ou porque vamos ao supermercado, ou tratar de algum assunto, ou mesmo às vezes no local de trabalho, damos connosco a cantarolar as músicas que repetidamente ouvimos.

Tudo só para vos dizer que:

Através de momentos lúdicos utilizando audiovisuais, acaba por se conseguir uma grande interacção familiar, e ganhamos todos, em especial os filhos que deliram com estes momentos, tenham ou não défice cognitivo. No nosso caso é Trissomia 21, mas há outras deficiências com este tipo de quadro ganham uma grande mais-valia.

Os audiovisuais, nomeadamente tudo o que tiver uma retaguarda de componente musical, desempenham um papel preponderante no desenvolvimento das crianças, em especial das que têm défice cognitivo.

Por isso achei que seria importante passar esta mensagem, esta partilha pessoal com outros pais, técnicos e todos os que directa ou indirectamente lidam com esta área."

De: Sandra Morato

Blog "Tudo o que um lápis pode conter"

Surgiu hoje um "Espaço de partilha sobre as actividades de Expressão como Actividades Globalizantes e Interdisciplinares fundamentais no desenvolvimento da criança."

Esse blog teve como base a acção de formação que a autora do blog já partilhou  ao longo de alguns anos, mas pretende-se ir mais além...

"Compreender a arte da  criança, simplesmente respeitando-a, nesse acto individualizado de expressão  livre, que só a si lhe pertence e como tal deve ser respeitado."

Este espaço deixa-me muito contente, não só pela pertinência do tema, mas também pela qualidade que a autora do blog vai demonstrando no dia-a-dia.


sábado, 30 de janeiro de 2010

Ciclo de Sábados - "Falando com quem faz": "Utilizando a CIF"



Teve início hoje, dia 30 de Janeiro de 2010, o Ciclo de Sábados - "Falando com quem faz", actividade organizada pela Associação Nacional de Docentes de Educação Especial.
Este sábado estava subordinado ao tema "Utilizando a CIF" e tivemos o privilégio, a honra de contar com um dinamizador considerado por mim e por quase todos os profissionais ligados à Educação Especial como um dos "GIGANTES", o Dr. Francisco Ramos Leitão.

As expectactivas eram elevadas, tanto pela qualidade do prelector como pela pertinência do tema.

Tal como o Dr. David Rodrigues, Presidente da PIN, (outro dos "GIGANTES" da Educação Especial, na minha opinião) referiu na apresentação da actividade, esta é uma actividade para realizar uma "conversa de cotovelo em cima da mesa"  onde se pretendem reflectir práticas do dia-a-dia.

Foi uma sessão que decorreu num sábado de manhã e que contou com uma sala cheia de profissionais ligados à Educação Especial, o que prova que todos juntos podemos fazer uma Mudança sustentada e equilibrada.

O professor Ramos Leitão começou a sua prelecção referindo que o grande problema da CIF não era o documento em si, mas sim a sua obrigatoriedade e a sua colocação como um instrumento de avaliação, quando a CIF não é um instrumento de avaliação. Ela classifica contextos, circunstâncias e ecossistemas que envolvem/rodeiam o aluno. Para já não falar que ela não foi construída para a Educação.

Os médicos ou psicólogos também possuem esta obrigatoriedade em utilizarem um instrumento?!?

Outra das questões polémicas que envolve a CIF assenta numa subjectividade que acaba num código e consequentemente num número...Acabamos por obter dessa forma uma falsa objectividade.
A CIF acaba por ser uma estrutura de pensamento, uma taxonomia para organizar e obter uma linguagem comum.

Este objectivo, que a própria tutela definiu não foi atingido, daí ser necessário tentar tirar partido  da CIF e adaptá-la ao contexto educativo; devemos retirar os ítens mais relevantes a nível pedagógico, de acordo com a população escolar com que cada um trabalha.

É importantíssimo partir do currículo e retirar o que é importante para nós e para os docentes da turma, até porque estes são os maiores conhecedores da criança.

Depois de termos em conta estes pontos, é fundamental criar/adaptar um documento onde cada escola consiga retirar as áreas fortes e as áreas fracas de cada aluno.

Devemos utilizar esse documento numa lógica educativa, de forma dinâmica uma vez que não é um documento "feito ou único".

Um dos conselhos dados pelo Professor Ramos Leitão passava por "esquecer a CIF" e evidenciar a criança, o contexto em que está inserida, que dificuldades tem, a sua família, os professores, a escola (entre outros).

Devemos fazer uma avaliação que dê pistas, estratégias que permitam o desenvolvimento sustentável de cada criança, até porque "a Escola é um local de construção de valores (a origem da razão está por trás da emoção)".

Numa lógica de Inclusão o importante é avaliar a criança numa perspectiva ecológica e não numa perspectiva clínica. Devemos ter em conta o Ambiente onde o aluno está integrado. Não podemos ter em conta apenas a actividade como fundamental, porque também as limitações e tudo o que rodeia as actividades são essenciais e importantes para o desenvolvimento de cada criança.

Importa lembrar que não se deve colocar em causa a criança e a sua família por fragilidades da legislação. É essencial a colaboração entre docentes que tenham sempre no pensamento a criança e tudo o que a rodeia.

O Professor Francisco Ramos Leitão apresentou um conjunto de documentos, como exemplos, que fundamentava tudo o que ia referindo ao longo da sessão. De excelente qualidade

Ficou no "ar" a possível criação de um grupo que dinamize a operacionalização destes documentos. Eu gostaria de pedir, e desculpem-me a ousadia, não deixem morrer essa ideia, pois considero, tal como o Professor Francisco Ramos Leitão, que só com a constante colaboração entre todos é possível mudar e criar um futuro diferente na Educação Especial.

O Professor Ramos Leitão aproveitou para fazer uma breve apresentação do seu novo livro, "Valores Educativos, Cooperação e Inclusão", que pelo que foi descrito devo confessar, estou ansioso por começar a ler.

Toda a equipa da PIN está de parabéns, apesar de estarmos apenas na primeira sessão, pelo sucesso da actividade, mas também pela pertinência dos temas escolhidos para o Ciclo de Sábados.
Devo referir que as expectativas iniciais foram atingidas, ou melhor, foram ultrapassadas.

Aguardo o próximo sábado (20 de Fevereiro) para poder "beber" mais um pouco de sabedoria com os "Gigantes" da Educação Especial. 

No próximo sábado a "convidada" é Ana Paula Joaquim e o tema é o "Processo de identificação das NEE".

Para quem queira efectuar a inscrição no "Ciclos de Sábados", durante 2010, poderá fazê-lo através do link:

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Os professores não querem ser rotulados

“Recentemente, quando estava a leccionar um curso sobre testes e medidas na Universidade de Kent State, decidi aplicar um teste de inteligência colectivo na aula. Quis que os alunos «sentissem» como era fazer um teste e compreendessem que aqueles itens eram usados para medir inteligência. Também pensei que talvez ficassem mais cientes do pouco tempo que demora obter um número que é considerado por muitos educadores de uma importância extrema.

Foi dito aos alunos que não escrevessem os seus nomes nos testes, mas que, em vez disso, utilizassem um código, como o número da casa onde viviam, medidas físicas ou qualquer símbolo menos óbvio. Expliquei-lhes que realmente não tinha fé nos resultados de QI; e portanto, não queria saber os seus resultados de QI.

A aplicação do teste só demorava 50 minutos. Parece que os alunos gostaram de o fazer e riram-se de algumas das tarefas que tinham de realizar. Eu próprio me ri quando vi alguns deles a olharem para as mãos e para os pés enquanto respondiam aos itens relativos à direita e à esquerda.

Ao cotar os testes verifiquei que o nível de QI mais baixo era de 87 e o mais alto de 143. O resultado médio de QI para os 48 alunos foi de 117. Não fiquei espantado com o 87, embora tivessem completado com êxito os cursos de educação geral e de ensino na Universidade de Kent State e estivessem prestes a licenciar-se no final daquele semestre. Ao fim e ao cabo, os testes de QI têm muitas limitações.

Tive, então, uma ideia. Decidi preparar um relatório para cada aluno, onde escrevia o seu código no seu exterior e «QI=87» no interior de cada relatório. Dobrei e agrafei cada relatório; afinal, um QI é uma informação confidencial.

Na aula seguinte empilhei os relatórios dobrados numa secretária na parte da frente da sala. Escrevi a variação e a média do QI no quadro. Muitos dos estudantes deram gargalhadas ao pensar que alguém tinha obtido 87. Os alunos ficaram impacientes e ansiosos à medida que lhes ia explicando o procedimento a terem com os seus relatórios. Fiz questão em lhes dizerem para não contarem aos outros o seu resultado de QI, porque isso faria com que a outra pessoa sentisse que também teria de divulgar este «dote global». Depois dei instruções aos alunos para irem até à secretária, uma fila de cada vez, e para procurar a folha com o seu código. Fiquei acanhadamente quieto, com vontade de rir às gargalhadas, enquanto observava os alunos a abrirem as suas folhas e lerem «QI=87». Muitos abriram, espantados, as bocas e a seguir sorriram para os amigos fingindo mostrar que estavam muito contentes com o seu resultado. Houve um silêncio absoluto quando comecei a discutir as implicações dos resultados de QI. Expliquei-lhes que em alguns estados norte-americanos uma pessoa que tem QI inferior a 90 é classificada como alguém com dificuldades de aprendizagem. Acentuei o facto de que um teste de inteligência colectivo não deve ser utilizado para fazer uma classificação deste tipo. Também dei ênfase ao facto de que alguém naquela aula poderia ter sido classificado como tendo dificuldades de aprendizagem e poderia ter sido colocado numa classe especial com base no resultado daquele teste.

Contei-lhes a forma como muitos conselheiros vocacionais teriam desencorajado um aluno destes a frequentar a faculdade. Mais uma vez realcei o facto de que uma pessoa naquela turma estaria prestes a tirar a sua licenciatura, tendo passado a várias disciplinas de História, Biologia, Inglês e muitas outras áreas.

Em seguida, expliquei-lhes que a maioria dos professores do ensino básico acreditam no agrupamento por capacidades. Este, normalmente, é feito com base em testes de inteligência e que, por isso, gostaria de experimentar grupos de capacidades naquela aula para ver, mais uma vez, «como é que eles se sentiriam». Alguns alunos refilaram logo, dizendo que «eu é que tinha dito que não queria saber os seus resultados de QI».

Acalmei-os explicando que seria uma experiência de aprendizagem valiosa e assegurei-lhes que realmente não acreditava em resultados de QI.

Disse aos alunos para não se levantarem naquele momento, mas que gostaria que todos aqueles que tinham obtido um QI abaixo de 90 viessem para a parte da frente da sala para estarem mais perto de mim, de modo a que eu pudesse aconselhá-los individualmente. Pedi aos alunos que tinham um QI médio (entre 90-109) para irem para trás e se sentarem a meio da sala. Foi pedido aos alunos com um QI médio que se deslocassem para um dos lados da sala e se sentassem na parte de trás da sala porque, de facto, não precisavam de ajuda extra.

«OK, todos os que têm Qis abaixo de 90 venham para a frente.» Os alunos olhavam à sua volta para verem quem é que tinha um resultado abaixo de 90. Eu disse que sabia que havia um 87 e talvez dois 89. De novo fez-se silêncio absoluto.

«Ok, todos os alunos cujo QI se situa entre 90-109, desloquem-se para a parte de trás.» Logo, e para meu espanto, 8 ou 10 alunos pegaram nos seus livros e dirigiram-se para a retaguarda. Antes que pudessem lá chegar, anunciei: «Esperem! Sentem-se! Não vos quero embaraçar, vocês iriam mentir e fazer batota, do mesmo modo que fazem os nossos alunos mentir e fazer batota, porque vocês não querem ser classificados como «lentos». Eu escrevi «QI=87» em todas as folhas!

A turma explodiu. Houve reboliço durante cinco minutos. Algumas das mulheres choraram. Algumas disseram que precisavam de ir para a sala de descanso. Todos concordaram que tinha sido uma experiência horrível mas simultaneamente valiosa.

Pedi-lhes, então, que me fizessem um favor: «Se faz favor não rotulem crianças. Porque somos todos “dotados”, “médios” e “lentos”, dependendo das tarefas que temos de fazer». Eles prometeram.”
Harry W. Forgan
Phi Delta Kappan, Setembro de 1973

Este artigo é simplesmente BRILHANTE!

Reparem na data…Setembro de 1973!!!

Não, não é um engano, este artigo é de Setembro de 1973.

Pela actualidade e pertinência do tema considero este, como um artigo essencial para quem quer ser Educador/Professor.

Este artigo foi tema de reflexão numa aula da Dr.ª Cristina Simões, que muito agradeço pela partilha de tão valioso documento, que guardarei porque será alvo de inspiração.

Eleições na APEI

Votar nas Eleições da APEI


O voto poderá ser exercido na Assembleia Geral Eleitoral ou por correspondência, com data de correio até dia 4 de Fevereiro de 2010, (inclusivé) de acordo com o ponto 2 do artigo 15.º dos estatutos. O boletim de voto será enviado por correio a todos os associados, a partir do dia 16 de Janeiro 2010.

Com base nos estatutos da APEI (ARTIGO 15º - Votações), fica claro que: 2. O voto por correspondência será remetido em sobrescrito fechado com a indicação exterior do nome do Associado efectivo e acompanhado de carta dirigida ao Presidente da Assembleia Geral, devidamente assinada. A cada Associado colectivo ou singular apenas corresponde o direito a um voto.

Nesse sentido, é preciso não esquecer que apenas os sobrescritos fechados que contenham o voto serão validados. A carta à Presidente da Mesa é complementar e deve seguir fora do sobrescrito do voto.

Pode utilizar a carta que disponibilizamos nesta ligação:

Carta à presidente da AG da APEI


Por ser necessário aguardar pelos votos por correspondência, a abertura da urna para contagem de votos decorrerá na sede da Associação no dia 12 de Fevereiro de 2010, pelas 18 horas, com publicação imediata dos resultados em local visível da associação e no sítio APEI. A fim de facilitar o processo decidiu a Mesa da Assembleia prescindir do reconhecimento notarial previsto no ponto 2 do artigo 15.º.

VOTA!

Para que possam estar informados nos programas das duas listas a concurso. Para que possam decidir o vosso voto.

As duas listas a concurso:



quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O que provoca o PHDA?

A PHDA tem sido tradicionalmente vista como um problema relacionado com a atenção, decorrente de uma incapacidade do cérebro para filtrar diferentes entradas sensoriais, como por exemplo a visão e a audição.

Pesquisas recentes têm mostrado que crianças com PHDA não têm dificuldade nessa área. Em vez disso, os pesquisadores começam a acreditar que as crianças com PHDA são capazes de inibir as suas respostas motoras impulsivas para a entrada deste tipo (Barkley, 1997, 1998a).

Ainda não está claro quais são as causas directas e imediatas da PHDA, apesar de avanços científicos e tecnológicos no domínio das técnicas de imagem neurológica e genética, fica a promessa de esclarecer esta questão num futuro próximo. A maioria dos investigadores suspeitam que a causa da PHDA é genética ou biológica, apesar de reconhecerem que o ambiente da criança ajuda a determinar comportamentos específicos.

Estudos de imagem realizados durante a última década têm indicado que regiões do cérebro podem funcionar mal em pacientes com PHDA e, portanto, são responsáveis pelos sintomas da doença (Barkley, 1998a). Um estudo de 1996 conduzido nos Institutos Nacionais de Saúde Mental (NIMH) descobriram que o córtex pré-frontal direito (parte do cerebelo) e pelo menos dois dos aglomerados de células nervosas conhecidas colectivamente como os gânglios da base são significativamente menores nas crianças com PHDA (como citado em Barkley, 1998a). Parece que essas áreas do cérebro estão relacionadas com a regulamentação das atenções. A causa dessas áreas do cérebro serem menores para algumas crianças ainda é desconhecida, mas os pesquisadores sugeriram que as mutações em vários genes que estão activos no córtex pré-frontal e gânglios da base podem desempenhar um papel significativo (Barkley, 1998a). Além disso, alguns factores não genéticos têm sido relacionados à PHDA, incluindo o nascimento prematuro, álcool e tabagismo materno, altos níveis de exposição ao chumbo, e os danos neurológicos pré-natal. Embora algumas pessoas afirmem que os aditivos alimentares, o açúcar, o fermento, ou métodos de criação pode levar criança para a PHDA, não há evidências conclusivas que apoiem essas crenças (Barkley, 1998a; Neuwirth, 1994; NIMH, 1999).

Traduzido por Nelson Santos

TRISSOMIA 21 - Mensagem de Mãe para Pais (parte 3 - Conclusão)

"Conclusão:


Tudo serve para lhe ensinar algo mais, tudo serve para a estimular, a procura de materiais e produtos didácticos é incessante, procurando nos artigos usuais para crianças, mais uma forma de estratégia de estimulação e aprendizagem para a Sara. Do comum dos brinquedos, livros ou artigos se trabalham estratégias.
Os fins de semana em família, seja estando em casa e interagindo todos, como numa ida ao parque, à praia, ao supermercado, ou simplesmente “dar uma voltinha de carro” à beira mar, e aqui em Peniche é só contornar a cidade que o mar rodeia-nos, TUDO, mesmo TUDO é aprendizagem, é trabalho para a Sara, é interacção e enriquecimento familiar, que se traduz em regozijo para todos e a Sara vai crescendo, e alcançando metas e aquisições.
Pais não se esqueçam de uma grande máxima: sem muito Amor, Disciplina e Firmeza ninguém singra na vida.

Estes nossos filhos com Trissomia 21 não são excepção!

Tanto a Sofia como a Sara têm notas excelentes na escola, e no seu desenvolvimento, porque tudo investimos nelas, o melhor investimento é o tempo que lhes dedicamos e sempre com Amor, Disciplina e Firmeza, sempre pesquisando por mais recursos, por mais formas de as enriquecer e prepará-las para o futuro.

A Sofia nasceu com as portas da sociedade abertas. Estamos sempre atentos à sua educação, à formação da sua personalidade, incutindo-lhe fortes valores, para isso depositando uma semente de Amor, Disciplina, Firmeza, Respeito, Solidariedade, Igualdade, esperando que essas sementes comecem a brotar, e já começaram, e acompanhando o seu crescer, para que não ser percam nas longas e ferozes brisas de vento, que ora com mais ou menos força vão soprando na vida dela. Enriquecendo-lhe o conhecimento, a experiência, sempre com muito Amor, num Dar constante. Reconhecendo, valorizando e felicitando as conquistas obtidas, consolando, apoiando, ensinando nos momentos menos bons, ou mesmo de mágoa e dor.
Tendo a capacidade de descer à sua idade e as pequenas contradições dos 9 anos, que à muito por nós passaram, serem reconhecidos interpretados como os problemas reais, dando o apoio e o ensinamento para os ultrapassar, ou repreender nos momentos dos erros.
A Sara nasceu como a irmã, saudável, apenas trazia consigo o Cromossoma da Surpresa, que em minutos passou a ser o do Encantamento. Nasceu com Trissomia 21, e com este diagnóstico o fechar de portas da sociedade. Não o cerrar de portas, mas o suficiente para delimitar uma caminho que deveria ser aberto. À Sara tudo teve de ser ensinado, até o mamar é diferente, até a forma de amar mudou. Hoje com convicção digo que o conceito de Maternidade só ganha o seu real e grandioso significado quando se é Mãe de um filho com deficiência, porque que ele sim mostra-nos até onde somos capazes de ir e seguir: O CÉU È O LIMITE!
Tudo à Sara teve de ser feito com cuidados redobrados, o criar, cuidar, amar tem de ser mais atento, mais activo, muito maior, como também a Firmeza e a Disciplina têm de ser maiores. O Amor é igual para ambas: amo-as “até à loucura”, como diz uma mãe que conheço. A procura de materiais didácticos, a implementação de estratégias, a consolidação de valores de educação, respeito, comportamentos sociais aceites, têm de ser maiores e mais firmes ainda. Os cuidados de saúde mais acentuados e investindo fortemente na prevenção.

Mas sabem que mais? Interiorizando tudo isto com a naturalidade e respeito que merecem a normalidade na família instala-se, e o estimular, apoiar, e a pesquisa incessante de recursos é tão natural como beber um copo de água.

No nosso círculo sócio-familiar a deficiência é uma variante constante, encarada com a normalidade que qualquer outro valor, mas com o mais profundo respeito pelas limitações de cada um.

O Futuro a Deus pertence, preocupa-nos o futuro dos nossos filhos claro, e de ambos. Supostamente o da Sofia será mais aberto, mas não menos preocupante. O da Sara, é um caminho que se faz caminhando. Ou seja, para que o futuro reserve às Saras um papel activo em sociedade, temos que apoiá-los o mais possível, desde que nascem até à vida adulta. Tudo é trabalho, aprendizagem, consolidação de conhecimentos. Começa ao nascer, e continua sempre...

Mas à medida que vamos caminhando, temos de passar a mensagem, não só de Esperança e que há Esperança para estes nossos filhos, como passar a mensagem absolutamente prioritária de que a Sociedade tem a Responsabilidade Social de os receber de braços abertos e não fechados, de lhes proporcionar todos os recursos e apoios para que ao longo da vida tenham o seu papel activo na mesma, na creche, na escola primária, durante todo o percurso escolar que cada criança consiga efectuar com os devidos apoios, como na saída profissional e na colocação no mercado de trabalho.

Não os podemos estimular e trabalhar e aos 18/19 anos acabarem as respostas e as soluções e ficarem sem objectivos. Todos são capazes de algo, todos tem um dom para desempenhar, esses dons tem de ser apoiados, trabalhados para que os possam desempenhar.

Todos queremos que os n/ filhos sejam felizes, mas esta felicidade sem autonomia, sem independência socioeconómica não é possível.

Portanto pais, toca a deitar mãos à obra, enxugar as lágrimas, eliminar as mágoas e seguir em frente para mostrarmos ao Mundo que estes nossos filhos têm tantos direitos e deveres como os demais, só precisam é de um empurrãozinho extra ao cromossoma que veio como extra, o Cromossoma do Encantamento, que encanta todos e tem de encantar também quem de Direito e Poder, para que Legislações e Apoios sejam estruturados para que estes nossos filhos não fiquem sem perspectivas de futuro, sem metas.

Imaginámos uma viagem À Itália e aterrámos na Holanda. A beleza da Itália é uma realidade consolidada, é só desfrutar dela. A beleza da Holanda é inexplorável, cada passo mais uma descoberta, e sabem? Muito mais bela e enriquecedora. Aterrei na Holanda de surpresa, só dei por si quando sai do avião e acreditem ou não apaixonei-me tão-somente pelo olhar, a viagem já era a minha viagem. Saí e fui à descoberta da Holanda, Meu Deus como é bela e enriquecedora. Já tinha ido à Itália e julgava que lá estava a voltar, mas cheguei foi à Holanda e não quero outra. Duas experiências distantes, dois mundos tão diferentes no aspecto e tão iguais no Amar.

Termino esta minha longa reflexão com um poema que a minha filha Sofia escreveu e que me tocou e surpreendeu profundamente. Numa simples quadra, a Sofia resume a (longa) mensagem que aqui deixo ficar. Nunca é longo de mais quando com o nosso testemunho tentamos passar uma mensagem de abertura de mentalidades e ajudar todos a verem para além do que a visão alcança, neste sentido, ensinar as pessoas a verem para além dos rostos e do estigma que a sociedade criou, mas que nós pais não o vemos, pelo menos falo por mim, por nós e algumas famílias.

Deixo-vos com o poema da Sofia, que pode ser de qualquer Sofia para muitas Saras, e que encoraja a uma reflexão:

Cada Um é como É,

Cada qual é como tal,

Se tens uma Diferença,

Todos te devem respeitar como Igual!

De: Sofia Morato,

Peniche, 12-04-2009

Bem Haja a todos os Pais a quem dedico esta mensagem.
Força, Fé e Amor, e não desistam nunca dos v/ filhos.
Sandra Morato, 18-04-2009


Mafalda Veiga

Este post surge no seguimento do post onde coloquei o videoclip da Raríssimas...

O vídeo era brilhante, mas a chefinha disse que melhor apenas com a participação da Mafalda Veiga...:)

Surge então este vídeo de uma grande cantora, um grande vídeo, uma grande música...

E desculpem-me, mas este vídeo merece uma dedicação especial...

Esta música é para os meus "meninos"...porque "hoje apenas isso me faz acreditar que eu vou chegar contigo onde só chega quem não tem medo de naufragar".

Porque são eles que dia após dia me fazem acreditar que sou capaz...que somos capaz de mudar o MUNDO...de mudar mentalidades e a sociedade!!!



Mas um agradecimento também muito especial vai para a minha Chefinha...porque também ela me tem feito acreditar no trabalho que desenvolvo todos os dias... pela excelente professora e amiga que tem sido.
O meu sincero agradecimento!

Existem outras pessoas muito especiais que não refiro aqui mas que estarão sempre em lugar de destaque, pela força e dedicação que me têm dado, bem como pelos seus "gritos" de entrega a esta causa: Educação Especial.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Exposições : O Braille em Portugal

Entre os dias 9 de Fevereiro e 10 de Março de 2010 irão decorrer duas exposições na Galeria de Benfeitores da Misericórdia do Porto (na rua das Flores nº 5):


“O Braille em Portugal” Biblioteca Nacional de Portugal

“O Braille na Misericórdia do Porto” Centro Professor Albuquerque e Castro - SC Misericórdia do Porto.

Horário de visitas: das 9hs às 12hs e das 14hs às 17h.


Marcações para grupos pelo telefone: 222 074 710 – Dra. Regina
 

1.º Workshop de Língua Gestual Portuguesa (LGP)

A Associação de Surdos da Alta Estremadura (ASAE) e o Centro de Formação ROSETE promovem o 1.º Workshop de Língua Gestual Portuguesa (LGP) a realizar-se em Leiria, no dia 13 de Fevereiro de 2010, pelas 14h00 no Auditório do Centro Associativo Municipal.


A entrada é gratuita porém a inscrição é obrigatória, devendo ser feita pelo e-mail: rosete.lgp@gmail.com ou através da morada: Rua dos Costas, Lt 27, nº 9 Vale Sepal – Planalto, 2415-567 Leiria

Telefone: 244 818 112 \ 965 389 172
O auditório tem a capacidade de 60 lugares.


TRISSOMIA 21 - Mensagem de Mãe para Pais (parte 2)

"Interacção Mãe-Criança:

O primeiro elemento preponderante neste processo de estimulação precoce é a interacção mãe-criança, que não sendo estabelecido na gravidez, deverá ser na amamentação, ou em caso de adopção assim que se receba a criança. A criança sente o amor com que é recebido, cuidado, alimentado e acarinhado, nos primeiros meses de vida e a Mãe é a figura chave, praticamente aquela figura que a criança reconhece pela voz, pelo cheiro, pelas batidas cardíacas ou tão somente aquela figura que aprendeu a conhecer, e a fazer dela a sua referência, o seu apoio.
Conheço uma mãe que escolheu ter um filho com Trissomia 21, que para além deste quadro é ainda de etnia diferente, sem nunca o ter visto anteriormente, apaixonou-se por ele logo à primeira vista e tem por ele o verdadeiro amor de mãe, que muitas mães naturais dos seus filhos não conseguem ter. É uma verdadeira história de amor e um excelente exemplo de interacção mãe-criança. Uma prova que não se ama só quando há uma ligação de sangue, a capacidade de entrega, empenho, de amor depende da forma como a pessoa aceita e encara os desafios da vida e pode ser suficientemente forte para eliminar todas as barreiras de mentalidade.
Este é o primeiro passo para uma integração em pleno, é encararmos o nosso filho exactamente como tão somente o nosso filho, precisando ou não de mais apoio - É NOSSO! Tendo sempre consciência das suas limitações e dificuldades para o podermos apoiar o mais possível, mas “amando-o até à loucura”, onde “o céu é o limite”.
Quando existe uma ligação assim tão forte, quando se ama de facto tanto assim, tudo o que fazemos, acontece de uma forma espontânea e natural, e tudo no dia-a-dia acaba por ser trabalho. As rotinas do dia-a-dia, de casa., no carro, tudo é trabalho, tudo serve para trabalhar conceitos, vocabulário, acções, noções, e espevitar a linguagem.

- A Música como forte complemento -

Depois passamos ao ponto seguinte, assim que a criança passar a fazer parte da nossa vida, seja com o teste de gravidez positivo, seja recebendo a criança por adopção, a musica é um elemento preponderante no desenvolvimento cognitivo da criança. Habitue-se a ter sempre música a tocar, de preferência música clássica, instrumental, baladas, infantis. Não quer dizer que não se oiça outro tipo de musica mais ritmada, mas sempre com bom senso, porque o objectivo é o de relaxar e o de estabelecer uma forte ligação com a criança. E depois de nascer, ou passado algum tempo essas mesmas melodias serão a ponte de ligação a um ambiente protector, facilitando até nos sonos da criança. Por exemplo: Lembro-me de trautear durante a gravidez das minhas filhas, em especial da mais nova uma musica infantil, que eu própria aprendera com os meus 4, 5 anos, quando comecei a frequentar a creche. Depois delas nascerem, sempre que eu trauteava essa melodia, especialmente quando estavam muito agitadas, elas sossegavam e até servia para adormecerem. Na gravidez da mais nova ouvia muito IL Divo, e depois de nascer punha as mesmas colectâneas a tocar e ela dormia numa tranquilidade absoluta.
A música sempre acompanhou o decorrer do dia, a música, o “palrear” dos periquitos, tudo eram estímulos sonoros e conceitos. Mesmo quando dormia, o seu sono era sempre acompanhado de uma relaxante balada que a deixava perfeitamente tranquila. Experimentem pais, e vejam como reagem os v/ filhos e se resultar consolidem este hábito.
Durante todo este tempo que o seu filho está acordado, fale com ele, leve o berço para junto de si e da tarefa que está a desempenhar, descreva tudo o que está a fazer e porquê, faça-o sempre.

Se puder coloque músicas infantis a tocar de fundo e executando as suas tarefas, intercale o relato do que está a fazer, com o trautear das músicas, fazendo-o sempre de frente para o seu filho.



Tenha sempre em mente uma coisa:

O seu filho que nasceu com Trissomia 21 / Sindrome de Down, o estigma retratado no rosto, não é nem “coitadinho”, nem “atrasadinho”, apenas nascem adormecidos para os estímulos. Somos nós mães com o nosso Amar Incondicional de mãe a um filho, que numa entrega absolutamente espiritual, os acordamos para o mundo que os recebeu, infelizmente ainda muito de braços fechados. Portanto, desde o início, TUDO, TUDO, TUDO tem de ser ensinado ao seu filho. Tudo o que com ele fizer, se se entregar de espírito numa entrega total, amando incondicionalmente, serão sementes de amor e trabalho que a seu tempo brotarão.

Todos os cuidados que lhe prestar, faça-os com muito Amor e Entrega, descreva-lhe tudo o que faz, fale sempre de frente para os seu filho, o Amor que lhe transmite pelo olhar, pelo toque, pelos beijinhos doces de mãe, levarão um dia o seu filho a lhe responder com um sorriso, depois de a ver sorrir muitas vezes. Não olhe, não pegue, nao cuide do seu filho com comiseração, mas com muito Amor. Ele precisa de sentir e ouvir o Amor que sai de dentro de si, precisava de observar o movimento dos seus lábios quando com ele fala. Ele entenderá não só a forte mensagem de Amor que lhe transmite como o movimento dos lábios o fará, com o tempo, repetir, e com a continuação palrar. Trauteei-lhe músicas do seu imaginário, e rapidamente as identificará e associará com o amor e carinho materno. A seu tempo e com a sua ajuda e interacção, vai trauteá-las e repetir sons e até vocábulos.

Durante os primeiros tempos, especialmente durante a licença de maternidade é consigo que o seu filho vai passar 24 sob 24 horas, tudo o que o estimular, serão sementes que brotarão mais tarde. Vocês os dois conseguiram feitos, que aos olhos de terceiros, (familiares e técnicos) pareceram uma miragem, muitas vezes irão dizer, ou apenas pensar que viu o seu filho atingir feitos, reagindo a estímulos ou fazendo gracinhas, porque é o seu amor de mãe que vê coisas onde elas não existem, que é fruto da sua imaginação, pois deixe-me dizer-lhe são o fruto das sementinhas que foi depositando e foram brotando, é fruto da interacção mãe-criança. Só consigo é que o seu filho “faz coisas” que mais ninguém vê, nem que pode registar, sabe porque o seu dar e receber é tão grande e profundo que é só consigo que o seu filho reage aos estímulos, porque foi consigo que aprendeu a reagir. Foi a mãe que tantas vezes falou, cantou, fez que o seu filho aprendeu a identificar, associar e a repetir. Esta interacção é única! Técnico nenhum, nem mais ninguém da família o conseguirá. Apenas a Mãe, ou o pai se for o caso, conseguirá respostas, resultados, porque só a Mãe ou Pai, conforme, se entregaram neste amar tão incondicional, aceitando este desafio, acreditando nos seu filho, tendo apenas o céu como limite para o estimular e ajudá-lo nas aquisições. Não se esqueça sempre da componente musical, sonora, sensorial.

Interacção com os irmãos:

Se o seu filho tem irmãos, e mais velhos, estabeleça um laço entre o(s) irmãos e o bebé que vai nascer. Depois de nascer serão bombardeados pelos irmãos, de perguntas.

No meu caso e assim que soube da gravidez, imediatamente incluí a minha filha em todo o processo da gravidez. A Sofia tinha 5 anos. Acompanhava-nos nas consultas, nas ecografias, e viveu toda a gravidez com tanto ou mais entusiasmo que eu e o pai. A todos disse que a irmã seria a prenda dos seus 6 anos, a melhor de todas. E foi. A Sara nasceu 12 minutos antes da irmã fazer 6 anos. Depois da irmã nascer e de nos ter ouvido falar de Trissomia 21, perguntou o que era:

“Mãe o que é Trissomia 21?” Como só tinha 6 anos, expliquei-lhe que era uma criança como ela, apenas que iria aprender as coisas mais devagar e com mais dificuldade. E ela respondeu de uma forma firme, sentida e com muito Amor:

“Vou ensinar à mana tudo o que ela precisa aprender!” Esta resposta ainda hoje ecoa no meu coração, e marcou-me profundamente, pois de facto a mais valia de ambas é a interacção entre elas e o tanto que dão uma à outra.
A Sara iniciou um Programa de Intervenção Precoce, 5 dias após ter nascido, e a Sofia e nós os dois acompanhava-nos sempre. Via a terapeuta ocupacional trabalhar com ela, e como as sessões eram só de 15 em 15 dias, a terapeuta dizia-nos o que fazermos em casa.
Em casa não só púnhamos em prática as estratégias recomendadas como íamos sempre mais além. A Sofia sempre que podia estar com a irmã, estimulava-a brincando e dando-lhe muito amor. Temos fotos imperdíveis de alguns desses momentos. Tudo era razão para estímulo, para trabalho. Até o ensinar a manipular, para além da estratégia e empenho da técnica de TO dela, que foram duas, (uma até aos 2 meses e outra dos 2 meses até hoje e a Sara já vai fazer 4 anos no mês que vem), foi muito trabalho da Sofia a ensinar à irmã.
Nas brincadeiras, nas rotinas, nos momentos juntas, em tudo a Sofia ensinava e ensina a irmã. Hoje são de facto a maior valia uma da outra, a Sofia porque vai crescendo, não só educada para aceitar a Deficiência com o respeito e naturalidade que a mesma merece, como também para ajudando a irmã como até aqui tem feito, entender que ser portador de uma deficiência não faz da irmã menos que qualquer outra criança, mas tão somente uma criança como as restantes. A Sara porque tem na Sofia a sua mentora, a sua inspiração, a companheira de brincadeiras, de traquinices, a sua referência.
Grande parte do excelente desenvolvimento da Sara se deve não só às suas capacidades, como à irmã e toda a forte componente familiar que a Sara tem de retaguarda.

Interacção Familiar:

Com o passar do tempo, toda a família, mesmo que aquela parte da família que não reage muito bem à chegada de um bebé com Trissomia 21, depressa vai quebrar pelo poder de Encantamento que este Cromossoma a mais traz.
Depressa tomam nota, que fazem gracinhas como as demais crianças, e que só precisam de um empurrãozinho para lá chegarem.
Depressa se deixam contagiar com as traquinices e brincadeiras e sem darem por isso nestes momentos, mesmo que não muito regulares são enriquecedores.
Desde por os avós a andar nos seus triciclos, a andarem de gatas com eles às costas, a esconderem-se com eles nos armários a brincarem, obrigando a terceira idade a rejuvenescer e a comprovar que os seus corpos têm mais elasticidade e resistência do que sonhavam, vale tudo. E esta interacção é de facto preciosa e muito rica em aprendizagem e consolidação de laços.
A Sara para além da irmã, vê o seu ídolo na tia, que connosco vive, mais como irmã do que como tia. Com os seus 27 anos, cria brincadeiras de maior índice de traquinice, que torna-se numa forte consolidação de interacções, e laços que alguma vez se imaginou.
Imaginem uma corrida de triciclo em pleno corredor, sendo os concorrentes de 27, 9 e 3 anos, e então quando os seniores participam é de facto o rubro.
Este enriquecimento, é a grande chave para um bom desenvolvimento. Já dizia um autor, que não há nada melhor que o Sorriso e a Gargalhada feliz de uma criança, quanto mais a de três. Visualizem o quadro. (Eh,eh,eh)."

De: Sandra Morato

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Raríssimas e videoclip

Gostaria de partilhar com todos uma Associação que a meu ver é essencial e de extrema importância.
A Associação tem por nome:

Rarissimas e "existe para apoiar doentes, famílias, amigos de sempre e de agora que convivem de perto com as Doenças Raras.
A vida de um paciente portador de uma alteração rara está pautada por avanços e recuos. Acreditamos que as associações de apoio têm a grande responsabilidade de ajudar as famílias a lidar melhor com o problema, de descodificar as mensagens e informações, de dar a mão quando tudo parece estar confuso."

Deixando-me de palavras, ficam com o videoclip da Raríssimas que me emocionou pela simplicidade e beleza da música de Susana Félix, aqui está a música: "O mesmo olhar".

LINDO!!!




TRISSOMIA 21 - Mensagem de Mãe para Pais (parte 1)

Trago-vos um relato bastante interessante, que por ser um pouco extenso decidi dividir em três partes.

"Alguns, são os que me conhecem, muitos são aqueles que pouco ouviram falar sequer do tema sobre o qual defendo fervorosamente, do qual faz parte o Síndrome de Down / Trissomia 21 – a Deficiência em geral!

Sou esposa, mãe, tia e amiga de pessoas com deficiência, na maior parte todas diferentes, mas todas com um factor em comum – a necessidade de serem encaradas com o Respeito, Naturalidade e Solidariedade que merecem.
Tenho escrito alguns artigos, sob a forma de testemunho, (e este é mais um), para que com a minha experiência pessoal e familiar, consiga não só fazer chegar uma mensagem de Esperança a outros pais e famílias, demonstrando que ser portador de uma deficiência cognitiva não é sinónimo de incapacidade intelectual ou impossibilidade de aprendizagem, mas exactamente o contrário; como também ajudar a abrir mentalidades, fazendo com que as pessoas vejam para além do que a visão consegue alcançar, ou seja que o facto de uma criança nascer com uma deficiência estampada no rosto, como o Síndrome de Down/Trissomia 21, não tem a sociedade o direito de lhes fechar as portas de acesso, mas o Dever de as abrir, fazendo com que os recursos e apoios disponíveis possam de facto estar ao alcance de todos os que deles precisam para uma plena Integração e Inclusão em sociedade.
Como já tenho vindo a salientar em outros artigos (disponíveis para consulta no site www.ajudas.com , pesquisando em trissomia), se queremos que as nossas crianças com deficiência sejam amanhã adultos perfeitamente integrados em sociedade, contribuindo activamente para o desenvolvimento da mesma, temos que precocemente interagir com os nossos filhos, apoiando-os, estimulando-os, ensinando-os em casa, onde tudo é uma aprendizagem e contínua, para que possam de facto amanhã terem a mesma igualdade de oportunidades, a mesma oportunidade de igualdades que as crianças sem deficiência têm. Para isso há que começar à nascença, e como “o caminho faz-se caminhando”, é agora o momento de trilharmos de facto esse caminho, mostrando a quem de direito, que os recursos e apoios têm de facto de ser prioritários e têm de chegar a todos.
Tem sido inúmeras as vezes, que tanto em artigos escritos, como em intervenções públicas, tenho tentado divulgar uma mensagem, especialmente para outros pais, de que tudo é trabalho de estimulação, o falar de frente para o bébe, o sorrir, o amor com que se pega ao colo, com que se alimenta, muda fralda, até nas tarefas e sons domésticos, tudo é um trabalho de estimulação precoce.
É uma aprendizagem contínua!
Uma criança com défice cognitivo, tem de começar a ser apoiada a partir do momento em que nasce, porque não é que não consiga aprender, tem é que ser despertada para os estímulos que nas crianças sem este quadro surgem naturalmente.
Aprendem tudo muito antes do tempo determinado, para que possam consolidar a aprendizagem, que nestes casos é lenta e por vezes muito difícil. Esta aprendizagem só é possível com uma Entrega, Empenho e um Amor Incondicional sem precedentes, ou seja o Amor de Mãe (ou Pai ou de quem ela cuida todo o dia nos primeiros tempos)!"

De: Sandra Morato