segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Paramiloidose (Doença dos Pezinhos)

Na TSF, testemunhos de médicos e famílias ajudam-nos a saber mais sobre as doenças raras: os sintomas, as características, os tratamentos e a vida com doenças que poucos têm.
 
Raros Como Um Diamante,

Edifícios públicos com nota negativa nas acessibilidades

A maioria dos edifícios públicos analisados anonimamente pela associação Deco chumbou na avaliação das acessibilidades a pessoas com deficiência motora ou mobilidade reduzida, tendo a associação chegado à conclusão que existem verdadeiros "muros intransponíveis" nesta matéria.

A investigação da Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores, que vai ser divulgada na revista "Proteste" do mês de Fevereiro, passou por 33 edifícios públicos em cinco cidades de norte a sul do país, entre Braga, Coimbra, Lisboa, Porto e Setúbal.

Dos edifícios investigados, 18 são das Finanças, dez da Segurança Social e cinco são Lojas do Cidadão e o objectivo em todos eles foi verificar a acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida, tendo por base a lei portuguesa e o Conceito Europeu de Acessibilidade.

"As conclusões do nosso estudo são esclarecedoras: 23 dos 33 edifícios que visitámos chumbaram na nossa avaliação", revela a Deco, acrescentando que Portugal está "muito longe de uma sociedade sem obstáculos físicos, culturais e comportamentais".

No edifício das Finanças em Braga, por exemplo, "a porta da entrada bloqueia o acesso à rampa"; na Segurança Social das Olaias, em Lisboa, a entrada não tem rampa e é feita através de quatro degraus; na Loja do Cidadão de Setúbal "o acesso para deficientes é muito longo, irregular e com declive acentuado".

Da avaliação da Deco, há oito edifícios que se destacam com os piores resultados, sendo uma repartição das Finanças de Braga, uma repartição das Finanças de Coimbra, dois edifícios da Segurança Social em Lisboa, uma repartição das Finanças e um edifício da Segurança Social no Porto e um edifício da Segurança Social e a Loja do Cidadão de Setúbal.

Todos tiveram mau na apreciação global, muito por causa de uma avaliação negativa em relação à área envolvente, às rampas na entrada, aos elevadores, escadas ou casas de banho.

"Em mais de metade dos edifícios que analisámos, há parques de estacionamento sinalizados para cidadãos com mobilidade reduzida. Por vezes, porém, os lugares reservados são demasiados estreitos para, por exemplo, movimentar uma cadeira de rodas", denuncia a Deco.

Por outro lado, a Deco encontrou pavimento irregular, com buracos, pedras ou gravilhas soltas em 14 parques de estacionamento e os edifícios com escadaria ou degraus à entrada possuem várias anomalias: "Em dez, não há corrimões, auxiliar importante para quem tem dificuldade em andar".

"Em 24 edifícios é necessária uma rampa, mas em oito casos não existiam. Num sítio foram encontradas no interior, mas qual a sua utilidade se uma cadeira de rodas não passa da porta de entrada devido à inexistência de rampas?", questiona a Deco.

Em conclusão, a Deco revela que "nenhum" dos edifícios da Segurança Social, Finanças ou Loja do Cidadão avaliados "está livre de barreiras arquitectónicas" e lembra que em 1997 as acessibilidades foram objecto de regulação normativa, dando sete anos de adaptação aos edifícios já construídos ou em construção, prazo alargado em 2006 para 17 anos.

Estudo sugere que bilíngues são mais atentos

Investigadores da Universidade de Granada, em Espanha, constataram que pessoas bilíngues não têm apenas vantagens no que concerne à facilidade em comunicar em dois idiomas, mas também no que respeita à capacidade de atenção e memória.

Pedro Macizo Soria e Teresa Bajo Molina chegaram a essa conclusão depois de realizarem testes com pessoas bilíngues em espanhol e inglês e que, como tal, tinham alto conhecimento de ambas as línguas e usavam-nas frequentemente.

Foram feitas várias provas -  legendar desenhos, ler, traduzir frases -, cujo tempo de realização foi medido, tal como a actividade cerebral. 

Os resultados mostraram que as pessoas bilíngues activam os dois idiomas em simultâneo, mesmo em situações em que apenas um é necessário. De forma a resolverem esse “conflito” e seleccionarem a língua indicada para o momento, é necessária a actuação de  um mecanismo que decorre na área pré-frontal do cérebro e que inibe o idioma que não é ideal para o contexto. 
Este processo comprova, segundo os investigadores, que é possível ignorar uma informação interna.

O estudo acrescenta ainda que os bilíngues utilizam mecanismos de atenção muito mais vezes do que os monolíngues e são capazes de trabalhar melhor em situações em que estão sujeitos a distracções e de tomar melhores decisões.

O caso dos intérpretes difere desta situação, pois estes são obrigados a utilizar duas línguas as mesmo tempo durante o trabalho. O estudo indica que  estes profissionais realizam um grande  esforço cognitivo, o que faz com que o cérebro aja de forma diferente, dependendo da experiência da pessoa.
 

Quando os pais não vão à escola...

"Os pais que não vêm à escola são os que mais precisavam de vir." É um lamento sincero que frequentemente se ouve aos professores ou até mesmo a encarregados de educação em reuniões de turma. Falam, obviamente, dos pais dos alunos mal comportados, com insucesso ou que faltam muito às aulas.

Porque não vão todos os pais à escola? As razões serão, com certeza, muitas. Pensemos em algumas:

O "professorês" ou "escolês" - Esta linguagem é frequentemente utilizada nos documentos distribuídos aos encarregados de educação e nos contactos orais ou escritos (competências transversais, áreas curriculares não disciplinares, critérios de retenção).

Abordagens negativas - Muitos pais são chamados à escola devido a ocorrências negativas: faltas às aulas, mau comportamento. Estas informações podem acabar por ser sentidas como acusações, porque nem sempre se lhes segue uma busca de estratégias de resolução do problema. Se a acusação é feita numa reunião de encarregados de educação, o vexame é maior ('O Francisco é insuportável e malcriado. Está sempre a insultar os colegas. Até no meio das aulas!') e a vontade de nova deslocação à escola desaparece.

Reuniões sem conteúdo significativo
- "Senhores encarregados de educação, chamei-os cá para lhes distribuir a ficha de avaliação do 1.º período. Não tenho muito mais para dizer. Estou à disposição para responder às perguntas que queiram fazer e depois dou por terminada a reunião". Os encarregados de educação poderão sentir-se defraudados perante uma reunião com tão pouco conteúdo. Terão vontade de se esforçar por ir a outra?

O que fazer para motivar os pais a irem à escola?As estratégias seriam, pelo menos, tantas quantos os problemas que afastam os pais da escola. Vejamos algumas, em contraponto aos problemas referidos.

A linguagem
- O director de turma precisa de conhecer bem o contexto sociocultural dos encarregados de educação e utilizar uma linguagem a ele adequada. Deverá ter esse cuidado na comunicação oral e na escrita.

Abordagens positivas
- Quando é preciso chamar os pais por haver problemas, há vários cuidados a ter:
1. Não culpabilizar os pais, seja de forma directa ou indirecta.

2. Respeitar a sua dignidade e a sua privacidade - Não se deve nomear alunos e respectivo mau comportamento diante de outros. Essa estratégia vexa e não motiva nem orienta para a resolução. Quando se quer falar de um aluno específico, tal deve ser feito num atendimento individual.

3. Sugerir e/ou procurar, em conjunto com eles, estratégias de resolução.

4. Reuniões com conteúdo significativo.

Há muitas coisas que podem ser transmitidas aos pais numa reunião. Podem ser dadas indicações de formas de apoio ao estudo dos filhos (organização do local de estudo, organização do tempo de estudo, eliminação de factores de distracção). Podem ser debatidos temas, como por exemplo 'A alimentação e o rendimento escolar'. O professor de Ciências da Natureza poderia colaborar na sua dinamização.

Da boa relação entre a escola e a família beneficiarão todos os envolvidos, particularmente os alunos. Há portanto que reflectir sobre ela e promovê-la.

VÍDEOS RELACIONADOS COM ESTE TEMAQuando devem os pais ir à escola

Por: Armanda Zenhas 

In: EDUCARE

domingo, 30 de janeiro de 2011

Falando com quem escreve: Sandra Morato, livro: Sara, a Luz

 
Decorreu hoje a primeira sessão da iniciativa denominada “Falando com quem escreve”.
A sala programada inicialmente foi pequena para receber os mais variados públicos que aderiram à iniciativa.
 
 Alunos de mestrado em educação especial, docentes e pais fizeram desta manhã uma verdadeira partilha que contou com a dinamização de uma família que recebeu desde o nascimento com toda a aceitação uma criança com diagnóstico de trissomia 21.
Sim a família.

Sandra Morato foi a mãe que assumiu o compromisso da partilha desta manhã mas não veio sozinha. Trouxe com ela o resultado dos afectos que proporcionou muito mais que uma mera exposição de factos.

Proporcionou in loco aos presentes “as características reais de uma criança que independentemente de um cromossa a mais ou a menos é uma criança como todas as outras”. Com capacidades e direitos. Talvez com uns pormenores que comparou ao acesso à internet. Uns computadores são mais rápidos que outros. Alguns acedem rapidamente a um site, outros vão mais devagar…mas chegam lá, fazem precisamente a mesma tarefa!

Penso que a metáfora é perceptível…

...Aliás, em minha opinião, devia ser mesmo uma mensagem a reter constantemente!...

A família, obviamente estende-se ao pai, focando também a importância da fratria na utilização das estratégias referindo que são parte integrante do processo.

Descrever uma manhã onde se assistiu a um filme, à descrição de todo um processo desde o nascimento até às vivências actuais é impossível resumir, devido ao relato perseverante, decidido e carregado de afectos que não se conseguem codificar em escrita.

Docentes solicitam constantemente sessões de formação creditada… os alunos e docentes que hoje estiveram presentes puderam constatar que esta partilha jamais poderia ser substituída por qualquer aula teórica ou sessão creditada sobre esta temática. Temática da inclusão, tão simples quanto isso.

Não foi só falar do elencar as características das crianças com este síndrome, nem constatar todos aqueles caminhos sinuosos por onde cada família passa, desde a relação com os técnicos de saúde às dificuldades na educação (que foi, e é sobejamente conhecido de todas as famílias e compartilhadas por todas as que estiveram presentes). Foi muito mais rico que isso, que a minha escrita não poderá revelar o que só se sente através do sentimento, da mensagem que toca a epiderme de cada um.

Uma situação foi bastante realçada, a necessidade de “colo” destes pais. Não será compreensível este factor, quando ainda as mentalidades não agem com normalidade, naturalidade e com todo o respeito que qualquer indivíduo merece na sociedade de que faz parte?

A inclusão é possível, desde que haja investimento, da família desde o nascimento, na parceria efectiva com todos os técnicos e de todo o cidadão.

Esta sessão foi um testemunho pessoal que está editado em livro, reflexo de um percurso de uma mãe que pretende ajudar outros pais, contribuir para um caminho que excluirá o preconceito e sobretudo mais do que divulgar o seu relato que partilha envolvido em afectos, segurança e firmeza na educação, reivindica que todos os cidadãos têm de alertar para a falta de acessibilidades e serem responsáveis pela oferta de oportunidades que contribuem para uma oportunidade de igualdade para todos.

Mais do que o compromisso que cada um de nós tem neste papel, é compreender estas famílias para que dessa forma ajustem as suas mentalidades e consigam ver, e passo a citar a dinamizadora, “as capacidades para além do rosto”.

Dar voz às famílias torna-se cada vez mais premente numa sociedade que se quer inclusiva. Mais do que uma partilha de Falando com quem escreve foi uma manhã irreptível … especial, de testemunho de quem vive na primeira pessoa uma viagem com destino desconhecido mas de experiência inesquecível com a qual muito temos que aprender e que só podemos (devemos), cada vez mais respeitar.

Por: EC

In: Pontos de Vista

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Há uma nova esperança para o tratamento da cegueira

Investigadores norte-americanos estão a trabalhar numa nova prótese que permite distinguir as feições de um rosto e até mesmo particularidades da paisagem.
 
 

Cadeira de rodas inteligente criada na Universidade do Porto

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) divulgou esta quarta-feira a criação de uma plataforma que permite transformar qualquer cadeira de rodas eléctrica numa cadeira de rodas inteligente capaz de ser comandada por voz e por sensores, noticia a Lusa.

O invento chama-se «IntellWheels» e é capaz de se desviar sozinho dos obstáculos, planear tarefas, comunicar com outros dispositivos, além de permitir ao paciente seleccionar o seu modo preferido de comando da cadeira de Rodas.

O protótipo, desenvolvido por um grupo de docentes da FEUP que investigam no Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores (LIACC) e no INESC Porto, resulta de um projecto cujo objectivo era transformar uma cadeira de rodas comercial num equipamento inteligente, de custos reduzidos e com poucas alterações do ponto de vista ergonómico.

Iniciado em 2006, o projecto permitirá, de acordo com o comunicado da FEUP, «oferecer uma maior autonomia e qualidade de vida aos cidadãos de mobilidade reduzida, podendo vir a ser comercializado em breve».

O «IntellWheels» também prevê a realização de uma recolha alargada de dados e a realização de um vasto conjunto de experiências, utilizando pacientes reais, de modo a validar completamente todas as metodologias desenvolvidas.

Luís Paulo Reis, docente da FEUP e coordenador do projecto, admitiu em comunicado que a conclusão da investigação realizada e a validação da plataforma, protótipos e simulador vai possibilitar, a médio prazo, «transformar as cadeiras de rodas inteligentes em produtos comerciais, com elevadas capacidades no auxílio a idosos e outros indivíduos com graves deficiências motoras».

Para além da FEUP, do LIACC e INESC Porto, juntaram-se recentemente ao projecto três novos parceiros: Universidade de Aveiro (UA), Escola Superior de Tecnologia de Saúde do Porto (ESTSP/IPP) e a Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC).

In: TVI 24

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Alunos surdos integram coro universitário

Não ouvem e não falam, mas isso não os impede de integrarem um coro universitário. É com o corpo que sentem a música e através dele passam-na a quem ouve.
Incluir os alunos da licenciatura de Linguagem Gestual Portuguesa nas actividades extra-curriculares da Universidade Católica (UCP) foi o ponto de partida. O exemplo dado pela série norte-americana "Glee" - transmitida em Portugal no canal Fox Life - num dos episódios da primeira temporada, foi a inspiração.

A coordenadora do curso do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da UCP, Ana Mineiro, enviou em abril do ano passado um email à diretora e ao maestro do coro da Universidade com um vídeo em que um grupo interpretava a música de John Lennon "Imagine", acompanhado por alunos surdos.
 
Na mensagem eletrónica lançava um desafio: "o que acham de fazermos o mesmo?". Ana Mineiro explicou à Lusa que "é importante as pessoas entenderem que estes alunos podem ser integrados também nesta dimensão, que podem cantar tal como os ouvintes, mas que cantam com as mãos e não com a voz". 

"O facto de não haver audição não implica que não haja competência do movimento do corpo que permite fazer ritmos. É uma questão de informar o corpo dessas pessoas das regras do movimento, para que ele surja. O prazer que dá aos ouvintes cantar é exactamente o mesmo que dá ao surdo fazer a melodia do corpo", referiu o director do ICS da UCP, Alexandre Castro-Caldas. 

Surpresa geral 

O desafio de Ana Mineiro foi abraçado pelo coro, que ficou surpreendido com o resultado final. "Foi uma surpresa para todos. No primeiro ensaio em que nos juntámos ficámos tão estupefactos com o que o coro de surdos estava a fazer que nem conseguimos cantar, não entrámos a tempo", recordou a diretora, Rita Ferreira Fernandes. 
O maestro, Rui Peixoto, partilha da mesma opinião. "Foi uma surpresa e um grande desafio para todos", disse, revelando que, como a experiência "resultou muito bem" há "projetos para o futuro com outras peças e outro tipo de participação".
A primeira atuação do coro que mistura ouvintes e surdos decorreu na festa de Natal da UCP, a segunda foi na quinta-feira passada nas cerimónias do dia do ICS.
Os ensaios tiveram de começar separados "para que [os alunos surdos] aprendessem a música através do ritmo e das direções que o maestro lhes ia dando", lembrou Rita Ferreira Fernandes.Antes da primeira apresentação bastaram dois ensaios em conjunto. 
Para Carlos Martins, solista, integrar o coro é uma forma de ter "um estatuto de igualdade" e espera que no futuro iniciativas deste género se estendam a todo o país.
Aprender a música "foi fácil" para este aluno da licenciatura de Linguagem Gestual Portuguesa.
"O maestro tem connosco um código visual, que acompanhamos. Além disso, as pessoas surdas têm uma noção de ritmo e melodia e é só incorporar isso. É fácil", disse em língua gestual, traduzido para a Lusa pela intérprete do coro.
O diretor da UCS lembra que "a música faz parte do organismo" e, por isso, basta estimular o ritmo de quem, não a conseguindo ouvir, sente-a.

Pode assistir ao vídeo em: 



Iodo na população infantil é insuficiente

Deverão ser conhecidos amanhã os resultados da segunda fase do estudo sobre a quantidade de iodo na população infantil. Os primeiros indicadores, divulgados em Maio, revelaram que quase 47% das crianças portugueses apresentam níveis de iodo insuficiente.
 

Metade das crianças portuguesas têm carência de iodo

A sabedoria popular aponta as idas à praia como uma solução mágica para não existirem carências de iodo, mas a realidade não é bem assim. Um estudo que será apresentado hoje no âmbito do Congresso Português de Endocrinologia mostra que há muito a fazer neste campo: quase metade das crianças portuguesas em idade escolar têm carência de iodo, sendo que 35,1 por cento têm um aporte de iodo ligeiramente insuficiente, 11,8 moderadamente insuficiente e 2,2 uma carência grave – valores que potenciam possíveis problemas na tiróide, que se podem traduzir, por exemplo, em défices cognitivos e de crescimento e, nos casos mais graves, em doenças como o bócio.

O estudo Aporte do Iodo em Portugal, desenvolvido pelo Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, com o apoio da farmacêutica Merck Serono, e a que o PÚBLICO teve acesso, partiu da avaliação de 3990 crianças entre os seis e os 12 anos de 78 escolas do continente e de 40 escolas da Madeira e detectou diferenças entre as várias regiões. Por exemplo, a carência na Madeira é muito superior à média nacional, situando-se nos 68 por cento. Um dado que surpreendeu os investigadores, já que nas zonas de mais fácil acesso a uma alimentação rica em peixe este problema não costuma aparecer, apesar de ser cada vez mais comum nos países europeus.

Já no continente, Aveiro e Coimbra foram as zonas com mais problemas, com 70 por cento das crianças analisadas com carências deste micronutriente, seguidos por Bragança (60 por cento) e Porto (54,5 por cento). Com menos problemas neste campo, destaca-se Leiria e Vila Real onde não foram detectados casos de carência e Portalegre (25 por cento) e Lisboa (26,3).

“Em Portugal não tínhamos dados actuais. Os únicos que existiam eram da década de 80 quando Castelo Branco lidava com bócio endémico e fez profilaxia para a doença”, esclareceu ao PÚBLICO Edward Limbert, coordenador do estudo. O especialista explicou, ainda, que este estudo segue-se a um que foi desenvolvido em grávidas e que encontrou os mesmos problemas, sendo que no período da gravidez e aleitamento e mesmo antes de a mulher engravidar é essencial “reforçar os stocks de iodo”, nomeadamente através de um suplemento como se faz com o ácido fólico, para evitar problemas graves no desenvolvimento do feto.

Peixe, marisco e algas

Edward Limbert lembrou que as doenças da tiróide como o hipotiroidismo estão directamente relacionadas com a falta de iodo e que, apesar de serem facilmente detectáveis através de uma análise de urina, são silenciosas. Segundo o especialista, o iodo é fundamental para a produção da hormona tiroideia e está presente nos alimentos que vêm do mar, como peixe, marisco ou algas. “O leite também tem algum teor de iodo, em virtude da alimentação das vacas e a verdade é que nas escolas onde era dado leite às crianças encontrámos valores mais positivos”, salientou Limbert. Sobre as idas à praia, precisou que “a absorção é demasiado baixa para ser suficiente” e sobre o peixe de viveiro recordou que “não serve”.

No que diz respeito à solução para este problema, o médico assegurou que na maioria dos casos a carência pode ser revertida sem se recorrer a suplementos e que bastaria garantir que o sal vendido no supermercado ou utilizado nos restaurantes e cantinas fosse iodado, isto é, enriquecido com iodo. Desta forma, sem ser feito um consumo exagerado de sal conseguiríamos ir buscar este nutriente.

Questionado sobre se a falta de iodo, ao fazer a tiróide funcionar de forma mais lenta, pode aumentar os casos de obesidade infantil, o investigador admite que são necessários mais estudos, mas sublinha que “o hipotiroidismo leva a resistências à insulina e a uma tendência para a obesidade”. Limbert adiantou, também, que a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo está a trabalhar com a Direcção-Geral da Saúde no sentido de se avançar para medidas como as tomadas em Itália, Dinamarca ou Espanha, onde as mulheres que queiram engravidar ou que estão grávidas tomam um suplemento de iodo, ao mesmo tempo que se procede à iodização do sal.

Modificação de comportamentos (3 de 4)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Deformações

Após o incremento da formação, decorrente da institucionalização de um subsistema e do investimento de milhões de euros, os resultados foram decepcionantes. Após vinte anos e milhares de cursos e palestras, pouco ou nada se alterou na atitude dos professores, pouco ou nada terá mudado nas suas práticas: "o professor vai, fica ouvindo e, no fim, não aprende nada que consiga usar".

Há uns vinte anos atrás, fiz uma breve incursão na formação inicial de professores. Ao cabo de cinco anos, fui embora. E não desejei voltar. Dessa breve experiência, ficaram amigos e recordações. Ficou a confirmação de que outra formação de professores é necessária e possível.

Recusei trabalhar sozinho e reparti com uma jovem psicóloga os tempos de ensinar e aprender. Avisaram-me que era norma os alunos assinarem à entrada e à saída de cada aula, mas recusei o uso das "listas de presenças", por serem inconciliáveis com a "formação de professores autónomos e responsáveis" (conforme rezava o projecto da instituição de formação). E, também, porque eu não dava aula - aprendia com os jovens alunos que, hoje, são professores diferentes daqueles que uma formação inicial obsoleta engendra.

Atrevo-me a registar um episódio "exemplar". Perguntei aos meus alunos o que queriam aprender. Responderam que desejavam que eu falasse de Jerome Bruner. Manifestei a minha satisfação por irmos abordar o pensamento e a obra de um autor que eu admiro e quis saber a razão pela qual haviam escolhido esse autor. Esclareceram-me: na semana seguinte, iriam fazer uma prova de psicologia da educação e, entre os possíveis conteúdos da prova, estariam os trabalhos de Bruner. Quando eu quis saber o que já tinham estudado desse autor, responderam que nada tinham estudado, que bastaria decorar na véspera da prova. E a minha prelecção também ajudaria... Recusei fazê-la e mandei-os para a biblioteca, para que lessem os livros do Bruner. Se desse estudo resultassem dúvidas, eles poderiam vir ao meu encontro. Passei todo o dia na faculdade. No final da tarde, dialoguei com um pequeno grupo de alunos, que me trouxeram interrogações decorrentes das leituras que fizeram.

No início do ano, combinámos que, entre outros trabalhos, fariam uma pequena dissertação sobre um tema à sua escolha. Desagradável surpresa: a maior parte dos trabalhos era cópia de trabalhos feitos por alunos... de anos anteriores. Os raros originais primavam pela falta de pontuação e de... ideias próprias. De fundamentação científica, nem é bom falar - a leitura daqueles textos era um autêntico suplício. Os alunos amontoavam um chorrilho de lugares-comuns alinhavados com citações a esmo. Quando os interpelava sobre o conteúdo teórico das suas produções, confirmava que fazer citações não é sinónimo de ter aprendido alguma coisa. Se retirássemos as citações, nada restaria.

Essa breve experiência, fez-me recordar as heresias a que tive de recorrer, quando percorri a via-sacra da minha passagem pela situação de estudante universitário. Dotado de um mau feitio a toda a prova, perverti regras de um academismo fútil, questionei falsas solenidades e o respeitinho instituído. Mas quantos o fazem? Talvez poucos ousem fazê-lo, porque mais vale um diploma na mão do que dois a voar... 

De: José Pacheco

Andebol 4 All em S. Brás de Alportel

S. Brás de Alportel foi o local escolhido para a primeira acção de formação de 2011 do Andebol em Cadeira de Rodas.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

“Eugénio – O Génio das Palavras” Versão 2.0

O Eugénio é uma ferramenta de apoio à escrita vocacionado para pessoas com dificuldades motoras ou cognitivas. Trata-se de um agente de software que monitoriza a vizinhança do cursor para propor um conjunto de sugestões de palavras que possam completar o texto do utilizador. Desta forma pode evitar-se algum esforço adicional e possíveis erros de escrita.

Com o passar do tempo o Eugénio também se vai adaptando ao estilo de escrita do utilizador, tornando-se por isso mais eficaz na ajuda prestada. Para utilizadores com dificuldades de acesso ao teclado físico do computador o Eugénio dispõe de vários teclados de ecrã que permitem a escrita com recurso ao rato.
Eugénio disponibiliza ainda outro método de acesso para utilizadores com grandes dificuldades motoras – o varrimento. Com este método é possível a selecção de teclas através de um ou dois manípulos externos. O sistema também funciona em conjunto com o sintetizador de fala DIXI+, permitindo ao utilizador ouvir o texto que escreveu, ou transmitir uma mensagem a outra pessoa. 
Este sistema funciona no ambiente Microsoft Windows e possui uma página internet (http://www.l2f.inescid.pt/~lco/eugenio) a partir da qual pode ser obtido de forma gratuita. O programa foi desenvolvido em colaboração entre o Laboratório de Sistemas Interactivos (LabSI) da ESTIG, o Laboratório de Sistemas de Língua Falada (L²F) do INESC ID e o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral de Beja (CPCB), através do projecto «CAPE - Comunicação Aumentativa em Português Europeu» financiado pelo programa CITE IV do Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência.
Os autores deste trabalho receberam o Prémio de Mérito Científico “Maria Cândida Cunha 2004”. Este prémio foi criado para galardoar projectos de investigação e desenvolvimento que tenham contribuído para a melhoria da qualidade de vida e integração económica e social de pessoas com deficiência. Desde 1997 que este prémio está instituído no Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência (SNRIPD), enquanto iniciativa do Programa Ciência, Inovação e Tecnologia (CITE). 
Encontra-se agora em desenvolvimento uma nova versão deste sistema mais vocacionada para a comunicação oral. Para que as palavras e frases propostas se encontrem mais adequadas a cada diálogo em particular o sistema irá utilizar outra informação do contexto além do texto escrito. Uma das capacidades já desenvolvidas consiste na determinação da localização do utilizador através de tecnologia de posicionamento (e.g. GPS) para a sugestão de vocabulário específico para cada local físico, que pode ser por exemplo uma sala de aula ou o bar da escola. As sugestões do sistema também irão ser formuladas com base no reconhecimento do tema da conversa e do próprio interlocutor. Para tal será utilizada tecnologia de reconhecimento de fala desenvolvida pelo Laboratório de Sistemas de Língua Falada (L²F) do INESC-ID.

Para mais informações, comentários ou sugestões contactar:

Luis Garcia 
Laboratório de Sistemas de Informação e Interactividade da ESTIG 
Rua Pedro Soares 7800-295 Beja PORTUGAL  
Tel: +351 284 311 540 
Fax: +351 284 327 184 
luisbgarcia@estig.ipbeja.pt 
http://www.estig.ipbeja.pt/~lfnhbg 

Luis Caldas de Oliveira 
Laboratório de Sistemas de Língua Falada do INESC-ID  Rua Alves Redol 9, 1000-029 Lisboa PORTUGAL 
Tel: +351.213100268 
Fax: +351.213145843 
lco@inesc-id.pt 
http://www.l2f.inesc-id.pt/~lco

Para descarregar o programa, aqui.
In: INCLUSO

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Bullying - Reflexão

Durante a última semana, muitos foram os jornais que noticiaram que se estava a debater, no Parlamento, uma proposta de criminalização da violência escolar...Proposta que já foi noticiada anteriormente, em Dezembro, e sobre a qual eu me pronunciei, dizendo que "esta terá de ser sempre a última medida...Há outras medidas mais eficazes e que na minha opinião são primordiais..."

Vivemos numa sociedade reactiva, sociedade que reage em vez de agir...Por agir entendo prevenir e por reagir, remediar...

Já o ditado dizia: "Antes prevenir que remediar!"

Aquilo que esta proposta nos apresenta exemplifica isto no perfeição...O Parlamento com esta proposta está a reagir e a tentar remediar os casos de violência escolar em vez de agir e prevenir que esses casos não aconteçam...

Já o referi noutro post, mas penso não ser demais voltar a salientar que existem outras medidas que precisam de ser tomadas.

Um dos primeiros aspectos que considero fundamental para a prevenção de casos de violência escolar é o diálogo...o diálogo entre Escola e Família...alargado a toda a comunidade educativa...Porquê?!? Porque este é uma das principais causas para que estes casos passem despercebidos...Esta falta de diálogo causa instabilidade na Escola, em Casa e na própria criança...Na grande maioria dos casos em que ocorrem os sinais de alerta, estes são "ignorados", na maioria das vezes de forma inconsciente, por todos os agentes... 

Outra medida que penso que poderia resultar nas nossas Escolas, de forma positiva, era a dinamização dos intervalos ficar a cargo de Animadores Sócio-Culturais...Com uma articulação entre Professores e Animadores poderiam ser criadas actividades que fomentassem uma melhor socialização entre pares para dessa forma se promover uma inclusão efectiva de todas as crianças... 

Uma outra alternativa passaria pela responsabilização e colaboração das próprias crianças/jovens...Ao fazer com que os alunos mais velhos fossem tutores dos mais novos...Por exemplo (no 1.º ciclo), cada aluno do quarto ano de escolaridade teria de ser "padrinho" de um aluno do primeiro ano...E essa função passaria por dar a conhecer a escola, acompanhá-lo nos recreios (principalmente no início do ano), entre outras actividades...É claro que também aqui teria de haver um esforço por parte dos Professores que teriam de realizar uma forte sensibilização junto de todos os alunos...

Um outro aspecto que considero importantíssimo é a sensibilização junto de toda a comunidade educativa...Sensibilizar e consciencializar toda uma Sociedade, não só para este "problema"...Importa formar e informar de forma a reflectir sobre a forma de intervenção e estratégias educacionais mais eficazes...Não só sobre esta problemática, mas sobre um leque variado de problemáticas específicas de cada sociedade. 

A ligação entre todos os agentes é um factor essencial em todo o processo educativo...Relembro apenas que "fechar os olhos" perante os primeiros sinais também é uma atitude negligente e também deveria ser punida... 

Temos de promover a inclusão de cada criança/jovem na escola, mas também na sociedade...

Só com a promoção desta interacção entre todos os agentes é possível criarmos uma sociedade mais justa, equilibrada e pacífica...

"Falando com quem Escreve: "Sara, A Luz"

Numa iniciativa da Pin - ANDEE, irá acontecer no próximo Sábado, 29 de Janeiro entre as 11:00 e as 13:00 horas a primeira sessão do "Falando com quem Escreve" que contará com a partilha de Sandra Morato na apresentação do seu livro: Sara, A Luz.

Local Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

Qta Arreinela de Cima, Pavilhão C - Sala 28. Almada


Português no topo da investigação de software para invisuais

Natural de Vila Verde, cego congénito, integra grupo que desenvolve software livre para invisuais

Abílio Guimarães começou como todos os invisuais a aprender braille, mas desenvolveu conhecimentos que o levaram ao topo da investigação mundial do software para invisuais.

Além do OpenOffice livre (o programa para invisuais custa 1300 euros), Abílio Guimarães tem participado no projecto NonVisual Desktop Access (NVDA), responsável por inúmeras adaptações informáticas que facilitam a vida a quem não vê, como por exemplo, a instalação de som nas caixas multibanco dos Estados Unidos.

A experiência de Abílio Guimarães iniciou-se em Vila Verde, na criação do fundo documental para cegos e amblíopes. Ali foi reunida documentação em braille e suporte áudio. "Fui investigando novos apoios, porque a ambição era alcançar os melhores meios. Investiguei e dei passos para a Informática. A ideia era criar software livre à escala mundial e a oportunidade abriu-se com o convite de um grupo australiano, integrando a investigação que previa instalação de software na região do Texas.

"Elaborei um projecto que envolveu todas as entidades de Dallas e Forthworth. Um cego que esteja numa paragem de autocarro fica a saber para onde vai, as páginas das entidades estão todas adaptadas para cegos. Seria interessante que houvesse esse laivo de inovação na região do Minho", lança o alerta Abílio Guimarães.

Em Vila Verde (e em Portugal), Abílio Guimarães destaca o facto de a Biblioteca Municipal local ser a "única instituição pública a disponibilizar software livre a quem procura. Este espaço vai além da biblioteca comum, preparando as pessoas e formando-as para acolher informação". Em termos práticos, com o software, qualquer invisual pode digitalizar uma carta do banco e ficar a saber o assunto. "Podem aceder e produzir informação, sem dependerem dos outros", destaca Abílio, lembrando que entre os 200 utilizadores já formados contam-se pessoas de todo o país. "Há pessoas que vivem escondidas, devido à sua deficiência. Se este software for alargado a outras instituições, certamente que haverá mais pessoas a aderir". E alerta os responsáveis: "ao nível económico, uma pessoa cega integrada custa muito menos ao erário público".

Abílio garante que quem frequenta o curso "não sai sem saber como evitar um vírus na Internet, usa todos os dedos para escrever, sabe corrigir um texto. Aqui funcionamos como uma espécie de centro consultivo, porque também indicamos que computadores ou telemóveis devem adquirir".

In: JN online

sábado, 22 de janeiro de 2011

Child's creativity

Para ver...rever...e reflectir...

Método novo para combater o autismo

Brincar pode ser a cura para o autismo, graças a um método novo que está a ser usado pela primeira vez em Portugal. Chama-se "Três I´s". Em Monção, os pais do Marco já utilizam a terapia há mais de um ano mas, para ter sucesso, são necessários 45 voluntários para brincar com o filho, em cada dia, e isso não é nada fácil de conseguir.
 
 

Modificação de comportamentos (2 de 4)


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A dificuldade da equidade

Foi uma das bandeiras da criação da escola pública. Laica, gratuita e universal: a criação de uma maior equidade entre os alunos. A escola pretendia, assim, que as gritantes desigualdades de nascimento, de riqueza e de meio ("capital") cultural fossem aplanadas por um sistema de ensino que daria a todos o mesmo. A escola elege-se como uma estrutura que, ao contrário da sociedade, dá a todos o mesmo. É uma estrutura que se assume, por natureza, como uma estrutura benigna, redutora das desigualdades e promotora de uma nova justiça: não já a justiça da competição, do nascimento, do poder, do dinheiro ou da influência, mas sim o poder da capacidade, da vitória dos efectivamente mais capazes. Mais capazes, não como a reprodução das desigualdades da sociedade, mas sim com uma nova distribuição do poder agora baseado no que cada um podia (à semelhança da parábola bíblica dos talentos) fazer com aquilo que tinha disponível e que era, teoricamente, o mesmo que todos os outros.
Teoricamente, sim, mas como a investigação e a estatística eloquentemente mostraram, este esforço de dar a todos o mesmo gorou-se porque a possibilidade de receber o que era dado era muito diferente. Se usássemos uma metáfora de volume, o que cada aluno pode receber é diferente em volume e na forma do recipiente. Assim, falar em equidade na escola de hoje é o mesmo que falar no desafio que a escola enfrenta não de dar o mesmo a todos mas de dar a todos, e da melhor maneira, o máximo que poderem receber. Evoco o livro de David Justino "Difícil é Educá-los" (Editora FFMS, 2010) quando se refere à equidade como um objectivo central da Educação: "... o que hoje sabemos da investigação científica (...) é que para além do papel preponderante do capital familiar no sucesso dos alunos, há outros factores que fazem a diferença, desde a escola, a qualidade competência dos seus professores, a organização do sistema de ensino, o papel da comunidade e das relações sociais de proximidade, e, não menos importante, a capacidade de todos poderem gerar expectativas elevadas e oportunidades sociais que as realizem" (p.89). Mais adiante diz: "Um bom professor, tal como uma boa escola, é aquele que consegue contrariar o determinismo sociológico do estatuto socioeconómico familiar pela qualidade do seu ensino, pela forma como potencia as aprendizagens, pelas expectativas que consegue criar e pelas capacidades que consegue desenvolver nos alunos" (p.91-92).
É esta, em larga medida, a missão do professor de Educação Especial: criar expectativas positivas e fundamentadas sobre o percurso escolar de alunos, de quem muitas vezes já muitos outros desistiram. Ao criar estas expectativas, ao potenciar estas aprendizagens e capacidades, o professor de Educação Especial mostra o que é que a escola deve ser em termos de equidade: uma estrutura que apesar do seu passado é capaz de olhar de forma personalizada para os seus alunos, para o seu percurso, necessidades e possibilidades de se realizarem como seres humanos. Precisamos para isso de uma escola que se assuma como uma estrutura que lida com pessoas de corpo inteiro e não com crianças que irão ser pessoas. A equidade constitui, no ponto de vista ético, um profundo e autêntico respeito pelo que a pessoa é, apoiando a construção de um projecto de vida criativo, participativo e exigente. Desconstruído o mito da escola igualitária pela homogeneidade, é este talvez o grande desafio da escola inclusiva.

Por: David Rodrigues
Presidente da PIN-ANDEE
(Retirado do Editorial da Newsletter 2/2011 da Pró-Inclusão)

Cientistas portuguesas distinguidas na área da investigação genética

Três cientistas portuguesas foram distinguidas com um prémio na área da investigação genética. Liliana Bernardino, Joana Marques e Sílvia Barbeiro estudaram as células estaminais e a remodelação óssea, um trabalho fundamental na procura de respostas e soluções para doenças que afectam milhares de pessoas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Modificação de comportamentos (1 de 4)


Saber dar ordens

Todas as crianças, em determinadas alturas da sua vida precisam que se lhes diga o que devem fazer ou o que se espera delas. É o primeiro passo da aprendizagem: a palavra (o segundo, como já vimos em texto anteriores, é a acção). Principalmente os filhos mais pequenos têm muitas vezes de ser ensinados antes de se lhes poder ser exigido que façam algumas coisas por si. Não vamos dizer a uma criança de sete anos "estuda" ou "arruma o quarto" se nunca lhe explicámos ou mesmo demonstrámos como isso se faz. Será necessário primeiro ajudá-la a realizar essas tarefas, várias vezes, até nos apercebermos, em função da sua idade e do seu grau de desenvolvimento, que ela já é capaz de as executar sozinha. Se necessário, devemos desmontar uma ordem mais complexa em pequenos passos e ensinar cada um deles em separado, até que todo o conjunto possa ser realizado sem problemas.

As nossas ordens devem ser dadas de uma forma directa e objectiva, sem ambiguidades. "Tem cuidado" não é o mesmo que "Não atravesses a rua sozinho". "Porta-te com juízo" não é o mesmo que "Não batas no teu irmão". Não vale a pena pensar que eles vão entender o que queremos se não formos objectivos nos nossos pedidos. Pode até ser que sim, mas não vale a pena correr o risco.

Por: Pediatra Paulo Oom
In: I online

Acordo de Cooperação entre o Instituto de Segurança Social, I.P. e a Associação Qe

Acordo de Cooperação – Instituto de Segurança Social, I.P. e Associação Qe, uma Nova Linguagem para a Incapacidade, IPSS.

A Associação Qe informa que foi celebrado, no passado dia 10 de Dezembro de 2010, o Acordo de Cooperação entre o Instituto de Segurança Social, I.P. e a Associação Qe, uma Nova Linguagem para a Incapacidade, IPSS.

Cabe-nos informar ainda que o número de alunos abrangidos pelo Acordo de Cooperação para o ano de 2011 é de 12 residentes e 5 não residentes, estando integralmente atribuídas todas as vagas.

A Associação Qe dispõe já de uma lista de espera para futuras integrações.

Avaliação Inicial: 2 a 4 de Fevereiro

De 2 a 4 de Fevereiro, a Associação Qe vai realizar a Avaliação Inicial, o primeiro passo no processo de integração do seu educando na Qe e que resulta num Relatório de Avaliação que será entregue aos encarregados de educação e onde consta informação detalhada sobre o perfil de competências actual.

A Avaliação Inicial tem-se revelado muito útil não só para os que pretendem integrar os seus filhos na Associação Qe mas também para todos os que pretendem obter informação actualizada e detalhada sobre o perfil de competências do seu educando.

O nosso método de avaliação define o Perfil de Competências actual, ou seja, as necessidades educativas da pessoa com atraso de desenvolvimento intelectual, a sua capacidade de realização e as suas dificuldades actuais. É, portanto, um valioso instrumento para qualquer pai ou mãe, pois permite a apresentação de um perfil de competências individualizado, onde se salientam as áreas de intervenção prioritárias e aquelas que se encontram consolidadas.

Durante a Avaliação Inicial a nossa equipa técnico-pedagógica avalia cerca de 270 requisitos, tendo em conta os seguintes domínios:

Domínio da Autonomia Pessoal: Higiene Pessoal, Vestuário, Alimentação, Actividades da vida diária e Auto-suficiência na comunidade;

Domínio de Comportamento Social: Ajustamento Pessoal e Social e a Linguagem Social;

Domínio do Desenvolvimento Físico: Desenvolvimento Sensorial e Desenvolvimento Motor;

Domínio do Desenvolvimento Cognitivo: Funções executivas, Memória, Desenvolvimento da Linguagem, Atenção/Concentração, Capacidades Visuo-Construtivas/Perceptivas, Orientação Espacio-Temporal, Leitura e Escrita, Cálculo.

A Avaliação Inicial tem a duração de duas noites e três dias em regime residencial.

Consulte aqui a Avaliação Inicial da Qe

Especial Carnaval
 
Brevemente estará disponível o programa Especial para as Férias de Carnaval.

Esteja atento!

In: Ajudas

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Time-out" e "1-2-3", duas técnicas para lidar com as birras do seu filho

É muito comum ouvir os pais dizer, independentemente da nacionalidade,  que se uma bofetada não os matou quando eram pequenos, também não é isso que vai fazer mal aos seus filhos.

Estamos a falar de um castigo físico na educação que, apesar de alguma forma ser aceite a nível social, tem mais efeitos negativos do que alguns pais desejariam. Não só porque acabam por se arrepender a seguir, como percebem que não tem efeitos práticos em termos de aprendizagem para os filhos.

Uma bofetada, um açoite, só serve para mostrar a incapacidade do adulto em lidar com a criança, a impotência perante aquele filho/a. A educação deve basear-se na comunicação, na imposição de limites e regras desde muito cedo, no auxílio à criança para lidar com as contrariedades que vão aparecendo.

E como vê a criança o castigo? Quando agiu mal, sabe que será castigada, sendo que o castigo servirá para aliviar o seu sentimento de culpa pelo mal causado.

Quando o castigo é físico, e se é frequente, insensibilizará a criança. Os gritos são também de evitar, pois só lhe mostram que conseguiu o que de facto a criança queria: a atenção dos pais.

Há estratégias para lidar com o mau comportamento das crianças, sem castigos físicos ou gritos. Deixo-lhe aqui duas: o “time-out” e a técnica 1-2-3.

Para acalmar a criança e acalmar-se a si, pode retirar o seu filho  do local onde aconteceu a asneira e levá-la para um outro lugar onde possa estar sentado, mas sem distracções. Deve explicar-lhe que ficará ali uns minutos até se acalmar e que não pode sair enquanto não lhe for permitido.

Esta técnica, denominada  “time-out”, não é um castigo. Tem como objectivo ajudar a criança controlar-se internamente, a acalmar-se e a pensar no que fez.
Durante o “time-out “não deve dar-lhe atenção, nem mesmo para lhe explicar que o que fez foi errado. Fazê-lo neste momento é contraproducente e acabará por tornar esta técnica ineficaz.

Outra questão a ter em conta é o tempo que a criança deve permanecer no “time-out”.  O cálculo a fazer é de um minuto por cada ano de vida, sendo uma técnica que pode ser aplicada a partir dos dois anos de idade.  

Para uma criança de dois anos ficar dois minutos ficar quieta, sentada, já vai ser uma eternidade. Não deve ser deixada sozinha mais tempo, pois acabará por se chatear, distrair e voltar a fazer uma asneira.

A contagem 1-2-3 é uma variante do “time-out” e pode ser usada mesmo com os adolescentes. Partimos do mesmo princípio, temos uma birra a que queremos pôr termo, um comportamento que não queremos que continue. De novo, não adianta explicar, dialogar, persuadir, pois todo e qualquer diálogo só servirá para alimentar o problema.

Vai somente contar até três: 1-2-3.

Esta contagem tem por finalidade  dar o tempo necessário ao seu filho para se acalmar e para se reorganizar emocionalmente. Pode explicar-lhe que vai contar até três e que, quando acabar, terminará também o choro e a birra.

A contagem deve ser lenta, dando tempo entre cada número: 1-2-3, sem comentários seus pelo meio, sem responder à criança ou contra-argumentar.  Nem é necessário que mantenha contacto ocular.

Deve só dizer : “Vou começar a contar: 1… (pausa) a criança ou o jovem, continuarão a insistir na birra; 2 … (pausa)  começarão a perceber que não vale a pena continuar a testá-lo ou a manipulá-lo,  e começarão a enfraquecer a sua fúria, começam a organizar-se internamente e  quando chegar a 3 tudo deverá ter terminado.

Não há mais comentários. Será a “bonança depois da tormenta”.

Por: Zélia Parijs, psicóloga

In: JN online

Workshop "A Tecnologia ao serviço das Pessoas com Limitações - Projecto MagicKey"

Depois de ontem ter estado presente no Workshop "A Tecnologia ao serviço das Pessoas com Limitações - Projecto MagicKey", começo por dar os parabéns ao Engenheiro Luís Figueiredo e à sua equipa pelo excelente trabalho que têm vindo a desenvolver nesta área. São projectos com este que me fazem olhar para a vida de outra forma e pensar mais nos outros.

As tecnologias apresentadas possibilitam uma melhor comunicação, interacção e exteriorização de sentimentos e das capacidades de cada indivíduo.

Deixo-vos ainda com o endereço da página para poderem saber mais sobre o Projecto MagicKey:
Dos vários testemunhos que nos trouxe, trago até vós um desses exemplos...

O Magick Eye é uma aplicação informática que permite que pessoas possam controlar o rato do computador apenas com os olhos, não exigindo que a cabeça esteja imóvel. 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Eleições presidenciais - folheto em linguagem fácil

Votar é um direito e um dever para todos! ...

O INR, IP editou um folheto em linguagem e leitura fácil sobre a eleição do Presidente da República que se destina a informar os cidadãos com deficiência e todos os cidadãos sobre este acto eleitoral.

O texto do folheto inclui informação em pictogramas e texto acessível e informa sobre o exercício do direito e dever cívico de votar.

O folheto foi feito em colaboração com a Comissão Nacional de Eleições e poderá ser livremente utilizado e divulgado.

Esta iniciativa implementa o princípio da igualdade consagrado na Constituição da República Portuguesa, na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e nas leis eleitorais e tem como objectivo simplificar e tornar acessível a informação sobre as eleições, bem como promover uma maior participação das pessoas com deficiência na vida pública, incluindo os actos eleitorais.

Os serviços e organizações que representem ou prestem serviços às pessoas com deficiência podem levantar no INR, IP, os folhetos de que necessitem para informar os seus associados, utentes e profissionais.

Mais informação em: http://www.querovotar.com (Movimento criado pela Handout e pelo Ajudas.com)
In: Ajudas

“O meu desejo era que ele falasse”

Com apenas dois dias de vida, Ricardo foi vítima de uma meningite que lhe provocou uma paralisia cerebral. O menino de dez anos, residente em Santo Tirso, luta desde que nasceu para conseguir andar e falar, com a ajuda dos pais e de terapeutas. Mas o intenso trabalho feito até agora pode cair por terra por falta de dinheiro para pagar os tratamentos.

"São cerca de 500 euros por mês que gastámos com os tratamentos do Ricardo, que graças às terapias conseguiu melhorar muito. Só para a terapia da fala, por exemplo, temos de gastar 300 euros mensais. Até agora temos conseguido assumir as despesas, com algumas ajudas, mas o meu marido ganha apenas 500 euros e precisamos de mais apoio", disse ao CM Madalena Abreu, mãe de Ricardo.

Há três meses, quando os tratamentos de Ricardo estavam ameaçados por falta de dinheiro, Madalena fez publicamente um pedido de ajuda. Lançou panfletos a explicar a doença do filho, que foram colocados em cafés e lojas, das áreas de Santo Tirso e Famalicão. Gerou-se uma onda de solidariedade que levou um clube de automóveis local a organizar um encontrou de carros tuning, cujas receitas revertem a favor de Ricardo.

"Na altura, se não fossem essas ajudas, os tratamentos do meu filho iam ser interrompidos. Foi um apoio precioso, mas os tratamentos têm de continuar e o dinheiro continua a ser pouco", disse ao CM Madalena Abreu. Desde que começou as intensivas terapias, Ricardo melhorou e já consegue andar pelo próprio pé, mas ainda não consegue formular palavras. Está no quarto ano de escolaridade, mas ainda não consegue escreve sem um computador. "O meu maior desejo era que ele conseguisse falar. Que conseguisse aproximar-se da independência. Mas para isso precisamos de instrumentos caros e de muita terapia", concluiu a mãe de Ricardo. 

Pode visualizar o vídeo em:


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Esclerose Múltipla: Hipótese de cura é plausível mas ainda está longe, defende neurologista

Uma investigação realizada no Reino Unido oferece esperança de cura aos doentes com esclerose múltipla (EM), mas a investigadora portuguesa Maria José Sá alerta que este é um trabalho que ainda vai demorar muitos anos a dar resultados. 
 
Uma investigação realizada no Reino Unido oferece esperança de cura aos doentes com esclerose múltipla (EM), mas a investigadora portuguesa Maria José Sá alerta que este é um trabalho que ainda vai demorar muitos anos a dar resultados.

"Uma hipótese que está a ser estudada é o transplante de células estaminais poder de facto estimular as células que produzem mielina. Como a doença se caracteriza por perder mielina, se houver possibilidade das células que a produzem poderem serem regeneradas ou estimuladas, é possível curar a doença, mas disso estamos ainda longe", esclareceu.

Atualmente não existe uma cura para a EM, mas apenas tratamentos disponíveis que podem atrasar o avanço e aliviar os sintomas relacionados.