Uma investigadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra conclui que o contacto da mãe com o bebé prematuro na colheita de sangue pode reduzir a dor da criança. A prática poderá ser estudada em outros tratamentos.
Segundo o estudo efectuado por Ananda Fernandes, o contacto pele-a-pele entre a mãe e o bebé, em conjunto com a sacarose e a chupeta (métodos já utilizados habitualmente), podem atenuar a dor sentida pelo bebé. "A aplicação prática deste estudo é a redução da dor durante a colheita de sangue. Ao juntar o contacto mãe/bebé aos outros dois factores reduzimos as expressões da dor nos prematuros", conta ao JN a investigadora, também docente na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).
Ananda Fernandes analisou as reacções de 110 recém-nascidos sem doença grave, nas Unidades de Cuidados Intensivos das maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos, em Coimbra. "Os resultados demonstraram que a combinação sacarose, chupeta e "canguru materno" é eficaz e segura em recém-nascidos prematuros, permitindo reduzir a expressão facial e o tempo de recuperação quando comparada com a simples utilização de sacarose com chupeta", descreve uma nota do estabelecimento de ensino onde Ananda Fernandes é docente.
Nas entrevistas feitas às mães, é também salientado o gosto pelo contacto com o bebé durante a colheita de sangue, tendo sentido que o seu poder parental saiu reforçado.
A investigadora admite que esta prática mais afectiva poderá ser utilizada em outros tratamentos. No entanto, terá de ser estudada com mais detalhe. "É preciso reparar que nem todos os procedimentos podem ser feitos ao colo da mãe", lembra, concluindo que há um grande grupo de gente que estuda estas questões.
Ananda Fernandes analisou imagens vídeo com a expressão facial dos bebés e dados fisiológicos da frequência cardíaca e da saturação de oxigénio, que pode baixar perante a dor. Foi utilizado um software próprio desenvolvido no Canadá, que permite ver a percentagem de tempo em que a criança apresenta um determinado comportamento, adianta a nota da ESEnfC. A utilização deste software levou a que a investigadora fizesse um estágio de curta duração no laboratório de investigação da Universidade McGill, no Canadá.
A investigadora explica que a colheita de sangue é dos procedimentos mais frequentes nos bebés prematuros. "Precisam frequentemente de ser controlados e estudados, para que sejam devidamente tratados", justifica. Este procedimento leva a que haja um maior interesse em perceber de que forma pode ser reduzida a dor no bebé. "Há a necessidade de tentar reduzir a dor o mais possível, entre tratamentos mais frequentes e mais evasivos", considera.
In: JN online
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