sábado, 17 de julho de 2010

Novo pacemaker em Portugal

Adelaide tem a doença dos pezinhos e um transplante hepático em perspectiva. A doença e a operação dão como certas futuras arritmias cardíacas. Ontem, sexta-feira, recebeu o primeiro pacemaker de uma nova geração que não limita alguns exames de diganóstico fundamentais.

Foi a primeira doente a quem foi implantado o novo aparelho no Hospital de Santo António, no Porto. Ao mesmo tempo – e apenas para marcar o início de uma nova etapa – outros seis hospitais (Guimarães, Santarém, Santa Marta, Santa Maria e Pulido Valente – em Lisboa – e Hospitais da Universidade de Coimbra) procediam à mesma intervenção.

A importância do dia? “Até aqui, os doentes com pacemakers não podiam fazer ressonâncias magnéticas, porque geram um campo magnético que podiam danificar o aparelho, indo até ao risco de explosão”, explica Lopes Gomes, do serviço de Cardiotorácica do Santo António. Ora, a ressonância magnética “é um meio de diagnóstico essencial, que praticamente todos nós fazemos alguma vez na vida”.

Aquele exame é, recorda João Primo, presidente da Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Electrofisiologia, “um dos principais meios de diagnóstico de doenças oncológicas e neurológicas”. Com o novo aparelho, feito de componentes não magnetizáveis, os portadores de pacemakers poderão submeter-se a exames de corpo inteiro “sem qualquer limitação”.

Adelaide tem 35 anos e, portanto, “uma probabilidade muito grande” de vir a ter de fazer uma ressonância magnética ao longo da vida, diz Vítor Lagarto, cirurgião que ontem lhe implantou o novo pacemaker. É um aparelho minúsculo, muito leve e programável para corrigir autonomamente as arritmias. No caso de Adelaide, a paramiloidoise resulta na deposição de substância amilóide no coração, reduzindo o ritmo da batida. A transplantação hepática trava a evolução da doença, mas não corrige as arritmias, nem impede o seu desenvolvimento. Todos os pacientes com doença dos pezinhos têm pacemaker.

A intervenção em si é muito simples e em nada difere da implantação dos pacemakers de primeira geração. Não exige mais do que uma anestesia local e consiste no isolamento de uma veia junto à clavícula, pela qual se introduzem eléctrodos de fixação activa, que ligam ao coração, explica Vítor Lagarto. O aparelha fica implantado na zona da clavícula, sob a pele. Ao todo, são 30 a 40 minutos de operação.

2 comentários:

  1. Olá Nelson.
    Tenho um amigo com 30 anos,com a doença dos pezinhos,já transplantou o fígado e tem pacemaker...por vezes rimos e dizemos,olha do coração já não morres!Enfim...uma vida muito limitada,mas com os seus cuidados pode ser feliz!
    P.S.Sigo-te no Facebook,sou mãe de um menino diferente,tem 4 anos e tem autismo.Diferença,vivemos com ela...e somos muito muito felizes!Um abraço!

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  2. Obrigado Dulce!

    Diferentes somos todos...O respeito pela diferença passa pelo respeito do outro...Só assim teremos uma sociedade melhor...

    Um grande abraço Dulce, para si e para os seus...é mais um exemplo de uma família fantástica ;)

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