A inexistência na Escola EB 2,3 Francisco Torrinha, no Porto, de acessos para alunos com problemas de mobilidade pode impedir a matrícula de uma criança que sofre de paralisia cerebral residente a 300 metros de distância do estabelecimento. A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) está alertada para a situação desde Outubro e, depois de, segundo os pais, lhes ter dito para matricularem o filho noutra escola, enviou ontem, depois de contactada pelo PÚBLICO, dois técnicos ao estabelecimento, admitindo resolver o problema de uma forma "alternativa".
Desde Outubro de 2009 que os pais de A., uma criança que se desloca em cadeira de rodas e que frequenta o quarto ano, têm vindo a fazer diligências junto da escola referida e da DREN no sentido de ser resolvido o problema de mobilidade no estabelecimento de ensino que o filho do casal poderá frequentar no ano lectivo de 2010-2011. A mãe, Alexandra Moreira, lembra que avisou os organismos responsáveis com um ano de antecedência, tarefa que considera nem ser da sua responsabilidade.
"O meu filho faz parte deste agrupamento escolar desde os seis anos, Esta era uma situação que já deveria ser do conhecimento das duas entidades", argumenta. Após uma troca de e-mails entre os pais, DREN e estabelecimento de ensino, Alexandra Moreira afirma ter sido convocada para uma reunião, realizada a 19 de Março, com o director adjunto da DREN, Manuel Oliveira, a coordenadora doGabinete de Apoio ao Ensino Especial, Conceição Menino, e com Maria José Baganha, do gabinete de obras do mesmo organismo, na qual diz ter-lhe sido informado que não havia dinheiro para as obras e que, por isso mesmo, o aluno teria que se inscrever noutra escola.
Alexandra Moreira considera a atitude da DREN discriminatória, não só para o seu filho, mas para todas as crianças na mesma situação. "O que explicamos ao nosso filho? Dizemos-lhe que não pode ir para a escola, acompanhado dos amigos, porque é deficiente motor?" A encarregada de educação não encontra justificação para que se desloque para outro estabelecimento de ensino "um aluno que pode e tem direito a frequentar uma escola a 300 metros de casa", e que, "por não se cumprir a lei, terá que abandonar os colegas de aulas de sempre".
A mãe sublinha o facto de ter iniciado os contactos a tempo suficiente de se programar o orçamento de 2010 e invoca o Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro, que prevê "a criação de condições para a adequação do processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da actividade e da participação num ou vários domínios da escola".
Ontem, já depois de contactado pelo PÚBLICO, o gabinete de comunicação da DREN afirmou que dois técnicos se deslocaram à escola para averiguar uma possível alternativa para que o aluno pudesse frequentar o estabelecimento de ensino já no próximo ano lectivo. No entanto, não adiantou qual será a alternativa nem garantiu que a mesma se concretize. Alexandra Moreira afirmou ter sido contactada ao final da tarde por Conceição Menino, que lhe disse que estava a ser estudada a hipótese de se montar nas escadas da escola uma plataforma elevatória. Algo que em Novembro de 2009 tinha sido considerado inviável por peritos do agrupamento.
Apesar destas serem situações vergonhosas, que nem se deviam colocar a quem já tem que pensar o suficiente, acredito que não baixando os braços e lutando por que se façam respeitar os direntos do cidadão com necessidades especiais, as Entidades acabam por ter que dar uma resposta correcta. Lamento que ocorram estas falhas e que tenham de ser os pais a gritar mail alto... sei bem o quanto é penoso sentir-mos este desrespeito, esta negligencia, mas é preciso coragem porque afinal vê-se também neste blog (e noutros) que já não estamos assim tão sozinhos, e que vale a pena impôr os direitos consagrados dos nossos filhos!
ResponderEliminarA situação ainda não está resolvida, pelo que percebo, mas não tenho duvidas irá estar em breve.
Abraço para si Prof. Nelson, e a todos os nossos amigos que denunciam e dão a conhecer estas injustiças e estão connosco em tantos momentos importantes.
Eu sobre esta notícia apenas posso dizer que é de lamentar...é muito triste quando situações destas ocorrem.
ResponderEliminarNão podemos baixar os braços perante actos como este.
Abraço Cristina
Importantissimo!! Como refere a Cristina ainda bem que há quem não se cale nunca!! É pena que estas situações não fossem já um dado adquirido: Acesso a todos sem excepções!!! porque mais uma vez refiro: É uma questão de direitos humanos!!
ResponderEliminarConcordo Elvira!
ResponderEliminarTanto se fala de inclusão...é porque não há inclusão!!!
Desculpem a frieza das palavras, mas quando vejo, leio, ouço actos como este, como rejeitarem dar um medicamento...só posso dizer em que Mundo vivemos nós afinal!!!
Bem não comento e tu sabes porquê!! Cada vez me custa mais acreditar, mas que isto existe é verdade!!
ResponderEliminarEssa dos medicamentos, às vezes parecem-me até que são outras guerras que alguns professores têm e depois pelo menos e como arma de arremesso, estão as crianças, que são quem mais perde!
ResponderEliminarNão é desculpa, mas custa-me a aceitar que seja menos discriminação grosseira contra a criança em si...
Cristina, não digo que seja discriminação contra a criança...Muitas das vezes é como diz, é apenas um meio para ferir os pais, mas qd sai magoada é a criança...
ResponderEliminarMas n deixa de ser discriminação, falta de respeito, porque quem o faz não gostaria por certo que fizesse a um familiar...Infelizmente assisti a um episódio similar e enfim...nem adianta lembrar:(
Abraço