"Por vezes, o nascimento de um irmão pode vir a revelar-se numa etapa muito difícil para uma criança. A ansiedade pode dar lugar ao sentimento de segurança e traduzir-se em alterações de comportamento. Cabe aos pais intervir para ajudar a criança a viver serenamente esta nova etapa da sua vida.
"Sentia-me só, posto de lado, esquecido...
O meu coração era uma mancha negra, tão negra como a noite e estava triste e zangado com toda a gente. Tinha vontade de dar pontapés às árvores, bater no meu cão e insultar todos os que me rodeavam.
Tudo isto por causa de uma 'coisita' pequena e avermelhada, que no dia 10 de Março quisera sair da barriga da minha mãe, para perturbar a minha paz."
Foram estas as palavras de um pré-adolescente ao recordar o nascimento do irmão. Tinha 6 anos quando o "intruso" se colocara entre ele e os pais.
O nascimento de um irmão pode constituir uma etapa muito difícil na vida de uma criança. Esta que até ao nascimento do irmão ocupava o "papel principal" no contexto familiar sente que, com o nascimento deste, a maior parte do tempo e atenção que lhe eram dedicados pelos pais é canalizada para o irmão mais novo. Para a criança esta mudança de atitude dos pais pode significar que eles já não gostam tanto dela. Por esta razão vai entrar em competição com o irmão, no sentido de conseguir a atenção dos pais e poder tirar vantagens disso. A criança procura defender o seu estatuto privilegiado e tenta minimizar os prejuízos provocados pelo nascimento do irmão.
Todo este processo envolve geralmente ansiedade, que frequentemente se traduz em determinados comportamentos típicos, tais como: regressão no controlo dos esfíncteres (deixar de reter as fezes e a urina), regressão na capacidade de expressão verbal (palavras que já eram pronunciadas correctamente passam a sê-lo de uma forma incorrecta) e alterações de humor (birras, choro frequente, etc.). Apesar de estes comportamentos serem normais, eles significam que esta está a ser uma etapa difícil para a criança. Por esta razão, os pais devem intervir activamente no sentido de ajudar a criança a viver esta nova etapa da sua vida de uma forma mais adequada.
Embora cada caso seja um caso e não existam receitas, gostaria de deixar-lhe algumas sugestões que poderão ajudar a apoiar mais adequadamente o seu filho nesta etapa:
O nascimento de um irmão deve ser comunicado à criança antes de ocorrer. Não existe uma forma única de o fazer, o importante é que a explicação seja adequada à faixa etária da criança. Um jogo ou uma história pode ser uma boa forma de comunicar o nascimento do irmão, sobretudo se a criança for muito pequena.
Dê ao seu filho a oportunidade de colaborar em todos os preparativos relacionados com o nascimento do irmão: escolher a decoração do quarto, comprar roupas e outros produtos de que o bebé irá necessitar
Após o nascimento, envolva o seu filho o mais possível nas tarefas relacionadas com o cuidar do bem-estar do irmão, mostrando-lhe o quanto é útil a sua colaboração. As tarefas exigidas à criança deverão ajustar-se ao seu nível de competência. Por exemplo, a criança não tem idade para mudar a fralda, mas poderá ir colocar a suja no caixote do lixo.
Sempre que seja oportuno chame-lhe a atenção para as vantagens de ser mais crescido: ser grande implica poder comunicar de uma forma mais eficaz e poder deslocar-se de uma forma mais autónoma.
Se anteriormente existiam momentos de grande convívio entre a criança e os pais, estes devem continuar a existir. Por exemplo, se ao domingo o pai costumava levar a criança a passear no parque, deverá continuar a fazê-lo, ainda que o tempo dispensado nesta actividade possa ser menor.
Seja exigente no cumprimento das regras já estabelecidas antes do nascimento do irmão. Esta exigência deve no entanto ser feita de uma forma muito afectuosa, para que a criança não veja nos castigos nem na exigência um sinal de falta de amor dos pais.
Sorria: a tarefa não é fácil, mas vale a pena!"
De: Adriana Campos
A importância da educação e da preparação, para a vinda de um novo ser...O envolvimento, a partilha e comunhão de todos é imporante para a estabilidade e harmonia da familía...
ResponderEliminarEu envolvi o meu filho mais velho que tem Sìndrome Asperger, até na escolha do nome da irmã, quando a irmã nasceu a única coisa estranha foi só o facto de ser muito pequenina...Ele nunca manifestou nenhum tipo de ciúme, até porque é um ser especial...
bjos
Que grande exemplo Mina!!!
ResponderEliminarO envolvimento, a partilha, enfim a criação de uma relação é a "chave" para a estabilidade entre irmãos...Birras haverá sempre, turras também...mas isso faz parte do ser irmão:)
Bjs
e Obrigado pelo seu testemunho