quarta-feira, 3 de março de 2010

Instituto Rensselaer «acende luz» para tratar insónia

Um estudo publicado na revista «Neuroendocrinology Letters» desvenda, pela primeira vez, quais os motivos para a dificuldade em conciliar o sono em adolescentes. A razão apresentada pelos autores da investigação está no ritmo ou ciclo circadiano – que designa o período de aproximadamente um dia (24 horas) sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano e de qualquer outro ser vivo, influenciado pela luz solar.

Os investigadores do Programa em Iluminação do Instituto Politécnico do Centro de Investigação Rensselaer – Institute’s Lighting Research Center (LRC) –, nos Estados Unidos, avançam que o ritmo circadiano do corpo modifica durante a puberdade o que provoca nos jovens a necessidade de dormir mais tarde e de igualmente acordar mais tarde.

Uma experiência realizada em 11 estudantes mostrou que a falta de exposição diária à luz do dia poderia contribuir para o atraso no início do sono. Para o teste, os cientistas alemães deram aos participantes uns óculos especiais e estes tiveram de usá-los durante cinco dias seguidos. Os óculos evitavam a longitude de onda curta (luz azul) e quando a equipa de investigação recolheu a informação sobre o sono dos adolescentes, percebeu que a experiência provocou um atraso de 30 minutos no descanso dos estudantes.

Segundo Mariana Figueiro, autora principal e directora do programa no LRC, quanto mais tempo os jovens passarem em zonas interiores, “perdem mais horas de luz da manhã, essenciais para estimular o sistema biológico, que regulam o ciclo sono/vigília”.

Se não receberem luz diurna, “atrasam a produção de melatonina” (a hormona que indica ao nosso corpo quando já é noite), refere ainda no estudo. Esta falta de luz matinal faz com que os adolescentes se deitem mais tarde e durmam menos. “Estamos a pensar em chamar-lhe adolescentes com ‘síndrome do mocho da noite’”, acrescenta Figueiro.
 
Escolas com pouca luz

A equipa de investigação alerta também para o facto de as escolas, onde os jovens passam a maior parte do tempo, “não têm luz adequada ou necessária para estimular o sistema circadiano que regula a temperatura corporal, o estado de alerta, o apetite, as hormonas e os padrões de sono”.

Os dados fazem parte de um amplo estudo no qual ainda irão examinar, para além do impacto da luz azul da manhã, a época em que há maior exposição à luz durante a tarde, nos meses primaveris, aquando do início de produção de melatonina nos jovens. Os autores sugerem que estes avanços deveriam servir para que se redesenhe as escolas, para que a luz do dia entre mais e ajudá-los-ia a dormir melhor.

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