Decorreu na manhã de dia 27 de Março a primeira sessão do Ciclo de Sábado: "Falando com quem faz..." no Norte, mais precisamente em Canelas, no Instituto Piaget.
Esta sessão contou com o Professor Jorge Barbosa como dinamizador e o tema "A Escola que temos não serve".
Numa manhã primaveril, não foram muitos os presentes mas como diz o ditado "poucos mas bons". Os presentes estavam bastante atentos e interessados, havendo uma partilha de experiências desde do primeiro momento.
Da sessão muito haveria a dizer, tanto pela pertinência do tema, bem como pela grande qualidade do orador, o Professor Jorge Barbosa.
Segundo o Professor Jorge Barbosa, numa altura em que tanto se questiona o papel do professor e da Escola, importa num primeiro momento referir que muitos que a criticam são "analistas" que na grande maioria dos casos pensam mal.
Importa referir, que é tão válido para o País rentibilizar a sua economia, mas se a Educação estiver mal poucos serão os avanços a esse nível.
Há muitas reformas a decorrer mas falta a mais importante, a da Educação. Uma reforma que seja organizada, sustentada, "com pés e cabeça".
O mais grave de tudo é haver algumas comparações, realizadas por pessoas que pensam "saber falar" e "saber pensar", da escola a uma empresa, onde lhes é permitido fazer rankings. Isto é inaceitável!!!
Do ponto de vista do orador algo está mal quando os professores têm de fazer "500" reuniões, de onde não sai nada.
Um outro ponto muito importante é o Apoio, quem precisa de apoio não são as disciplinas, são os alunos. É importar rever o currículo de algumas disciplinas, são estas que necessitam de ajuda numa primeira instância para depois apoiarmos adequadamente as nossas crianças.
Um ponto crucial para a Escola, para o seu desenvolvimento é a organização da mesma. É irrealista uma Escola ter quase tantos coordenadores como professores, esquecendo-se o mais importante, o trabalho com os alunos. Desta forma a Escola, a sua organização, não é funcional
Quando os professores pedem mais autoridade, devem repensar o seu pedido, pois o mais importante é poderem ter mais autonomia. O prefixo das palavras é o mesmo, mas o significado é muito diferente.
Esta autoridade pode ser perversa, se aplicada sem "competência" pode resultar em ''vandalismo".
Acaba por ser preocupante a maneira como muitos professores vêm os alunos, a autoridade e o próprio conceito de Escola. Isto pode resultar em comportamentos desajustados.
Importa definir alguns pontos essenciais, de modo a termos uma escola mais funcional.
- A ideia de organização, da direcção de uma escola.
Não faz confusão ao orador poder ser o Ministério, ou outra entidade a escolher o Director. Mas, para isso era necessário termos uma escola funcional.
É necessário "abrir portas" para a comunidade, ser e criar meios apelativos para discutir assuntos pertinentes para a comunidade. As escolas têm de perceber que é preciso ouvir todos os elementos da comunidade.
- Centrar o processo ensino-aprendizagem no aluno e nas suas necessidades
Não se concebe uma escola que não trabalhe em torno do aluno. É essencial que o trabalho se centre nos alunos, nas suas necessidades, nos seus interesses.
- A Educação Especial
Segundo o Professor Jorge Barbosa, a Educação Especial não deveria estar organizada em departamentos; até porque existem departamentos com apenas um professor.
Deveria estar organizada em Equipas Educativas que solicitavam a necessidade de um docente de educação especial que respondesse às necessidades de determinado aluno.
''Vejo a Educação Especial, não como especial mas como Resposta Especifica do aluno."
Um professor pertence ao grupo, a uma unidade; pertence a uma equipa que deve ter em conta as necessidades dos alunos.
A referência de uma escola deve vir pela acreditação da Comunidade. A escola passa a ser de referência quando a comunidade assim o entende.
O orador fez uma breve referência à história da Educação Especial com exemplos concretos e de forma muito elucidativa. Afirmou ter existido um recuo nas políticas e nas práticas, esquecendo-se o mais importante: os alunos e as suas necessidades.
Quando questionado se esta é a escola é ideal para um aluno com multideficiência, o Professor Jorge Barbosa respondeu com uma outra questão:
"Será esta escola ideal para qualquer criança?"
É importante mudar todo o modelo organizacional da escola. Não apenas para estas crianças, Mas sim para todos, sem excepção. Todos os alunos são "educáveis" o processo para o fazer é que difere, respeitando as características de cada um.
O orador afirmou que é importante sermos sinceros com as pessoas, pessoas/crianças que carecem de estratégias diferenciadas para responder às suas necessidades.
A escola é importante tanto a nível social como a nível de formativo. "Toda a gente tem direito à Escola".
Há meninos que aprendem mal porque desprezam a sua educação, as suas capacidades. É fundamental olharmos e trabalharmos com cada criança nas suas áreas fortes.
É fundamental adequar um percurso educativo, de modo a superar as necessidades de cada criança. Esse processo educativo tem de organizado com base nas áreas fortes da criança e respeitando o seu ritmo.